CONTADOR DE VISITAS

terça-feira, 12 de novembro de 2019

33º DOMINGO TEMPO COMUM-ANO C


33º DOMINGO TEMPO COMUM
ANO   C
17 de Novembro de 2019
Evangelho - Lc 21,5-19

 

Lc 21,5-19; Ml 3,19-20a; Sl 98; 2Ts 3,7-12

-33º DOMINGO-MUITOS VIRÃO EM MEU NOME-Lc 21,5-19-José Salviano

 

Jesus disse que muitos virão em meu nome! E é o que estamos vendo. Alguns que se dizem ungidos de Deus, na verdade vieram em nome do dinheiro!

 

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Homilia de Dom Henrique Soares da Costa – XXXIII Domingo do Tempo Comum (Ano C)

Ml 3,19-20a
Sl 97
2Ts 3,7-12
Lc 21,5-19
Estamos no penúltimo domingo do ano litúrgico. Domingo próximo celebraremos Cristo-Rei e, daqui a precisos quinze dias estaremos entrando no santo tempo do Advento, que nos prepara para o Natal do Senhor. Pois bem, o final de um período sempre nos faz recordar que o tempo corre e a vida passa veloz. Isto deve fazer-nos pensar no fim de todas as coisas e da nossa vida. “Fim” não somente como final, mas “fim” também como finalidade… É diante desta realidade que a Palavra de Deus nos quer colocar nestes últimos dias do ano litúrgico de 2004.
No Evangelho, Jesus nos recorda que nossa existência é breve, tão fugaz. Àqueles que se encantavam com o aspecto majestoso do Templo, o Senhor recordou que tudo passa. Isso vale ainda hoje: para a nossa casa bonita, para o nosso carro, para o nosso dinheiro, nossa profissão, as pessoas às quais amamos, os projetos que temos, a nossa própria vida: “Vós admirais estas coisas? Dias virão em que não ficará pedra sobre pedra. Tudo será destruído!” Aqui, o Senhor não deseja ser um desmancha-prazer, não nos quer arrancar o gosto de viver; deseja tão somente recordar que nossa vida deve ser vivida na perspectivada eternidade, daquilo que é definitivo. Haverá um momento final, haverá um juízo do Senhor sobre a história humana e sobre a história de cada um de nós, quando, então, ficará claro o que serviu e o que não serviu, o que teve valor ante os olhos de Deus e o que não passou de ilusão e falsidade. Nunca esqueçamos disso: nossa vida caminha para esse momento final, o mais importante de todo nosso caminho existencial. Haverá, sim, um juízo de Deus: “Eis que virá o dia, abrasador como fornalha em que todos os soberbos e ímpios serão como palha; e esse dia vindouro haverá de queimá-los… Para vós, que temeis o meu nome, nascerá o sol da justiça, trazendo salvação em suas asas”. Este juízo, portanto, será discriminatório: pode significar vida ou morte, salvação ou condenação!
Ante esta realidade, os discípulos perguntam a Jesus: “Mestre, quando acontecerá isso? Qual vai ser o sinal de que estas coisas estão para acontecer?” A curiosidade de ontem é a mesma de hoje… A resposta de Jesus contém dois significados. Primeiro: observemos que o Senhor dá sinais que se referem à natureza (“Haverá grandes terremotos… acontecerão coisas pavorosas e grandes sinais serão vistos nos céus.”), sinais que se referem à história humana (“Um povo se levantará contra outro povo, um país atacará outro país”) e sinais referentes à própria vida dos discípulos – vale dizer, à nossa vida (“Cuidado para não serdes enganados, porque muitos virão em meu nome, dizendo: ‘Sou eu!’ ou ainda: ‘O tempo está próximo’. Não sigais essa gente”). Isto quer dizer que a manifestação final do Senhor vai marcar tudo: a história, a criação e a vida de cada um de nós; nada ficará fora do juízo de Deus que haverá de se manifestar em Cristo! Tudo será confrontado com o amor manifestado na cruz do Senhor. A história humana será passada a limpo e o que foi pecado, desamor, maldade será destruído; a criação será transfigurada: passará a figura deste mundo como é agora e, no Espírito do Cristo, haverá um novo céu e uma nova terra; os discípulos serão examinados pelo Senhor de acordo com sua perseverança na fé verdadeira, sem se deixarem levar pelas novidades religiosas, pura falsificação, como as que estamos vendo hoje em dia…
Há ainda um segundo significado: observemos que os sinais que Jesus dá, acontecem em todas as épocas: sempre houve e haverá convulsões na natureza, guerras e revoluções na história humana, hereges e falsos profetas, falsos pregadores e falsos pastores no caminho da Igreja. Tem sido assim desde o início… Então, por que o Senhor apontou esses sinais? Para deixar claro que cada geração deve estar vigilante, cada geração deve recordar sempre que haverá de estar, um dia, diante do Senhor e, portanto, deve levar a sério sua fé e sua adesão a Jesus. Sobretudo num mundo como o atual, que nos quer fazer perder de vista o essencial e nos quer fazer esquecer que caminhamos para o encontro com Cristo como um rio corre para o mar. Vale-nos, então, o conselho de São Paulo, a que vivamos decentemente, trabalhando pelo pão cotidiano, sem viver à toa, mas construindo a vida com a dignidade de cristãos. O Senhor nos previne que não é fácil: o mundo não nos amará, porque seus pensamentos não são os do Cristo – e isto mais que nunca é claro hoje, numa sociedade consumista, paganizada, amante do conforto e da imoralidade, onde cada um vive do seu modo, como se Deus não existisse… Ouçamos a advertência tão sincera e franca de Cristo: “Sereis entregues até mesmo pelos próprios pais, irmãos, parentes e amigos. E eles matarão alguns de vós. Todos vos odiarão (= vos amarão menos, não vos terão entre seus amigos) por causa do meu nome… É permanecendo firmes que ireis ganhar a vida!”
Eis aqui! Vivamos fielmente a nossa vocação cristã, não tenhamos medo de ser fiéis e de dar o bom testemunho de Cristo, para que possamos ser aprovados ante o tribunal de Cristo. Nossa vida neste mundo é semente de eternidade; nossas escolhas e atitudes terão conseqüências eternas. Que o Senhor nos conceda a graça da perseverança que nos fará ganhar a vida. Amém.
Dom Henrique Soares da Costa
 

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Evangelhos Dominicais Comentados

17/novembro/2013 – 33o Domingo do tempo Comum

Evangelho: (Lc 21, 5-19)

A

No evangelho de hoje, Jesus diz que não sobrará pedra sobre pedra, tudo será destruído. Jesus fala em guerras, revoluções e destruição. Fala em terremotos, fome e pestes. Apesar da linguagem apocalíptica, Jesus nos alenta dizendo que quem permanecer firme e fiel aos seus ensinamentos, não morrerá. 

É preciso estar preparados, disse Jesus. Haverá terremotos, fome e pestes. Coisas pavorosas acontecerão e grandes sinais serão vistos no céu. Antes, porém, sereis presos e perseguidos. Com essas palavras, Jesus nos alerta para algo muito preocupante: o comportamento invejoso e maldoso das pessoas.

Maremotos, terremotos, vulcões, ciclones e tempestades são fenômenos físicos naturais e, devem ser vistos com naturalidade. No entanto, não podemos encarar com naturalidade o que não é natural, como por exemplo: perseguição, tortura, prisão e, até mesmo, a morte para os seguidores de Jesus.

Jesus conhece muito bem o comportamento humano, por isso recomenda calma e que ninguém se apavore com revoluções e guerras, pois, enquanto os interesses estiverem acima da razão, guerras sempre existirão.

A indústria bélica movimenta bilhões de dólares. Graças às guerras fabricadas, alguns tiranos enriquecem e milhares de inocentes morrem, mesmo assim, tudo isso não significa o fim dos tempos.

"Mestre, quando acontecerá tudo isso? E quais serão os sinais de que estas coisas estão para acontecer?" - Perguntaram os discípulos. Jesus nada revelou quanto ao dia e à hora, porém fez questão de ressaltar como agem os falsos profetas.

Jesus alerta que eles irão prometer curas fantásticas, mostrarão caminhos fáceis, vida farta e serão capazes de enganar multidões que irão correr atrás de lucros para suas empresas e carros importados em suas garagens. Não sigam esses falsos pastores, diz Jesus, são chacais que virão em meu nome pregar o fim do mundo.

Jesus veio ao mundo para trazer a paz, no entanto, deixou claro que os caminhos que levam à verdadeira paz são difíceis, exigem persistência e muita coragem. O evangelho será motivo de divisão até na família. Amigos e parentes poderão tornar-se adversários dos mensageiros da paz.

Surgirão ódios, vinganças e desavenças, pois o promotor da paz é exigente, incomoda, não se deixa levar por aparências de piedade, por insinuações de vida fácil e muito menos por um cristianismo sem renúncias e sem sacrifícios. O discípulo fiel sabe que ninguém chega ao Paraíso, sem passar pela cruz.

Não devemos nos preocupar com o fim do mundo, que não sabemos quando acontecerá. Sabemos que quem estiver vigilante não será pego de surpresa. Isso basta. Nossa única preocupação deve ser com mudanças. Mudar as atitudes, viver a harmonia no lar e na comunidade, propagar a Boa Nova e viver a fidelidade.

É preciso gritar bem alto o Nome que está acima de todos os nomes. A certeza de que não perderemos um só fio de cabelo deve reavivar a coragem para testemunhar a salvação. Jesus garante que basta permanecer firme para ganhar a vida. Nascemos para a vida, por isso vamos à luta, pois quem não preencher sua vida presente, terá um futuro vazio.  

(2019)                   


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Visão do futuro
Por volta do ano 70 depois de Cristo, quando o Templo de Jerusalém foi destruído pelos Romanos, o povo acreditava ter chegado o fim dos tempos e, foi nesta época que Lucas escreveu seu Evangelho. Nele, Jesus prevê que daquele Templo não ficaria em pé pedra sobre pedra, mas isso não significava o fim do mundo, e sim um incentivo ao fortalecimento da fé na Boa Nova trazida por Ele, que deve ser professada por todos os que Nele crêem, independentemente, das dificuldades encontradas.
Lucas escreve esse Evangelho numa linguagem apocalíptica para suscitar os ânimos e a fé nos momentos de conflito. É próprio desta linguagem tomar fatos do passado como não acontecidos, assim, no seu discurso, Jesus fala sobre os acontecimentos que precederão o fim do mundo com a profecia da queda de Jerusalém e destruição do Templo, e pede discernimento, pois essas catástrofes não são o fim do mundo, pelo contrário, são sinais de que algo novo está nascendo na História.
Jesus alerta sobre a deformação da verdade, lembrando que muitos aparecerão falando em Seu nome, e orienta para tomarem cuidado e não serem enganados com doutrinas e profetas falsos. Ele anuncia também, “guerras e revoluções”, porém elas sempre existiram, pois basta olhar a História da Humanidade.
Cada cristão é templo onde Deus habita, e este templo sim, deve ser preservado, não pode ser destruído, é edificado na oração e sustentado na prática dos ensinamentos de Jesus que são os mesmos ensinados aos discípulos, e não mudaram ou deixaram de valer com o passar dos anos.
Muitas são as tentativas de enganar os cristãos e fazê-los acreditar em falsos messias, ou em falsas previsões de fim do mundo, cabe a cada um manter-se em oração, para ter discernimento e não se deixar enganar.
O verdadeiro Cristão enfrenta as adversidades e as perseguições dos poderosos com a firmeza da fé, e está sempre preparado para deixar que o Espírito Santo o oriente em suas palavras e ações, não se sentindo ameaçado, mantendo a certeza de que o Pai está sempre a seu lado, fortalecendo e guiando sua missão de levar a Boa Nova.

A salvação pela perseverança
Os discípulos de Jesus foram alertados contra os falsos alarmes de chegada do fim do mundo. O resultado disto era o medo, a insegurança e, de modo especial, o sentir-se bloqueado e desmotivado para fazer o bem. É perda de tempo dar ouvidos a quem se considera entendido nas coisas relativas ao fim do mundo, e quer se fazer de mestre dos outros.
As perseguições e dificuldades devem ser vistas pelos discípulos como ocasião para dar testemunho do Reino, sem a ilusão de que tudo acabará em breve. Por causa do nome de Jesus, eles seriam aprisionados, entregues às sinagogas judaicas, e levados diante de reis e governadores. Entre seus traidores estariam os seus próprios familiares e amigos. Seriam odiados, e muitos haveriam de sofrer morte violenta.
Em todas estas circunstâncias trágicas, os discípulos teriam a possibilidade de experimentar a proteção divina. Do Pai receberiam força para se defenderem diante dos tribunais, rebatendo as falsas acusações e testemunhando o nome de Jesus com denodo. E também, a força necessária para não se intimidarem e nem sucumbirem às investidas dos adversários.
Se forem capazes de perseverar, até o fim, no testemunho de Jesus, serão salvos. Desta forma, ficará patente sua adesão radical ao Reino e sua não compactuação com o mal e o pecado. Quem perseverar, experimentará a misericórdia salvífica do Pai.
padre Jaldemir Vitório
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O dia do Senhor está próximo
No dia 11 de setembro de 2001, talvez mais completamente do que tinha sido planejado, foram destruídos os dois prédios do chamado centro do comércio mundial. Foi um fim de mundo. Entretanto, ninguém viu no fato a necessidade de uma mudança nos rumos da humanidade: fazer que não seja o comércio, o “mercado”, o único governante do nosso mundo. A reação foi apenas maior violência, agressão armada e econômica. A possível razão dos “inimigos” nem foi considerada.
O evangelho deste domingo fala da destruição de Jerusalém, ocorrida no ano 70. Começa com a admiração das pessoas pela grandeza, beleza e riqueza do Templo e com a previsão de Jesus: “Não ficará pedra sobre pedra”. No final, diz que os discípulos devem sobreviver por sua perseverança ou resistência.
Estamos chegando ao final do ano litúrgico e isso nos faz pensar no fim, pois nada deixa de ter o seu término. As grandes crises, as catástrofes da natureza ou das estruturas humanas, são ocasião de nova tomada de posição. A própria palavra crise quer dizer julgamento. E tudo nos lembra o fim de cada um e a necessidade de mantermos a coerência, pois só a fidelidade a si mesmo e ao projeto de Deus é capaz de salvar da destruição total. Mantida essa coerência, a crise, o Dia, é de salvação.
1º leitura (Ml. 3,19-20a)
O último livro da coleção dos Profetas termina anunciando o Dia do Senhor, dia de condenação dos perversos e de alívio para os justos. Responde aos que pensavam: “Não vale a pena servir a Deus! Que proveito a gente tira guardando os seus mandamentos ou caminhando amargurado na presença do Senhor? Pois, então, vamos dar os parabéns aos atrevidos, eles progridem praticando injustiças, desafiam a Deus e acabam salvando-se” (vv. 14-15).
O Dia do Senhor há de chegar “como forno aceso a queimar”. Há de destruir os atrevidos, como se fossem palha. Mas, “para vocês que buscam seguir a lei do Senhor, o sol da justiça há de brilhar”, diz o texto.
Quando se fala hoje em apocalipse, em julgamento final da humanidade, geralmente se pensa em destruição indiscriminada de tudo e de todos. Frequentemente se cita a Bíblia como testemunha que anuncia uma próxima catástrofe final e universal. Contudo, o castigo que os profetas, como Malaquias, anunciam é apenas para os maus, pois, para “os que temem o Senhor”, o Dia traz “o alívio em suas asas”.
2º leitura (2Ts. 3,7-12)
Entre as comunidades que são Paulo havia fundado, muitas pessoas insistiam na expectativa próxima da parusia ou segunda vinda de Jesus. Daí surgiu esta maneira de pensar: “Como Jesus volta logo e resolve todos os nossos problemas, ninguém precisa mais cuidar de ter um trabalho, nem se preocupar com os rumos que o mundo vai tomando; é só esperar mais um pouco, que tudo estará resolvido. Para sobreviver até lá, dá-se um jeito, outros ajudam, falta pouco tempo para a vinda gloriosa de Jesus...”.
Foi então que a segunda carta aos Tessalonicenses veio esclarecer a questão com a autoridade do próprio Paulo. O trecho a ser lido hoje vai direto ao assunto.
O testemunho do próprio Paulo é fundamental. Na primeira carta aos Tessalonicenses (2,9), ele lembrava que, quando lá esteve evangelizando da primeira vez, trabalhava dia e noite para não ser pesado a ninguém.
Como disse no capítulo 9 da primeira carta aos Coríntios, Paulo teria o direito de ser mantido pela comunidade, mas o dispensou. Fez isso em Corinto para manter sua independência e não prejudicar a pregação do evangelho; fez isso em Tessalônica por coerência com os fatos e por solidariedade com os trabalhadores braçais, os primeiros a aceitar sua pregação. O texto lido hoje vê aí o exemplo de amor ao trabalho, que sustenta e dignifica a pessoa. Era isso que aqueles cristãos precisavam ouvir.
Evangelho (Lc. 21,5-19)
A destruição do Templo e da cidade de Jerusalém foi um fim de mundo. É disso que o evangelho nos fala. Firmes até o fim, os cristãos escapam da destruição. O evangelho não fala do fim do mundo, do final da história da humanidade, mas de um fim que é novo começo, de um fim que está sempre acontecendo.
A destruição de Jerusalém foi, para o cristianismo inicial, algo parecido com a morte da mãe antes do corte do cordão umbilical. Os primeiros cristãos estavam ainda muito ligados à religião judaica. Com a grande revolta do ano 66 e a destruição do Templo e da cidade de Jerusalém no ano 70, toda a estrutura física e humana daquela instituição judaica foi demolida. Foi um fim, mas também novo começo.
Sinais de que a hora da destruição está chegando serão os fatos ligados à revolta judaica. Na Galileia, grupos de pequenos proprietários, em consequência da exploração exercida pelo império romano e das altas taxas de juros cobradas pelos judeus ricos, perderam tudo o que possuíam e passaram a formar quadrilhas de assaltantes, então chamados de lestês, bandidos. Chegavam a assaltar uma caravana romana e depois repartir os alimentos nas aldeias, pois o povo morria de fome. No ano 66 (36 anos depois da morte de Jesus), eles entraram em Jerusalém, queimaram os documentos de suas dívidas, que lá estavam, e dominaram a cidade. Foi a grande revolta.
Seus líderes passaram, logo em seguida, a competir entre si, cada qual reivindicando para si o título de Messias, pretendendo ser a realização das esperanças de todo o povo. Cada um dizia: “O Messias, o salvador da pátria, sou eu!”, “chegou a hora!” O evangelho aconselha os discípulos de Jesus a não acreditar nisso, nem se apavorar com a guerra em curso.
Como era de se esperar, Roma não ficou passiva; ao contrário, mandou seus exércitos que estavam na Síria invadir a Palestina e acabar com a “brincadeira”. Isso, em decorrência também da momentânea instabilidade política em Roma, demorou algum tempo: só no ano 70 (quatro anos depois) a cidade de Jerusalém foi destruída e os últimos focos de resistência, alguns anos depois, foram eliminados.
E os cristãos? Não devem participar da loucura da revolução nem ficar apavorados, apesar de perseguidos por todos os lados. Especialmente nessas circunstâncias, a fidelidade a Jesus cria problemas até mesmo dentro de casa. Quantas vezes os mais próximos é que vão denunciar o discípulo, que age e fala de maneira contrária aos critérios deste mundo (que são os mesmos tanto do lado dos revoltosos quanto do lado do império romano)? Devem, no entanto, os discípulos ficar firmes no testemunho de Jesus e ser coerentes até o fim. O que salva, diz Jesus, não é o filiar-se a um dos dois lados, mas a coerência resistente até o fim.
DICAS PARA REFLEXÃO
Quando leem essas passagens do evangelho, muitos ainda pensam em um fim de mundo como catástrofe final da humanidade, que ninguém quer ver. Há os que, apoiados nessas palavras da Escritura, vivem anunciando que o fim do mundo está próximo. Nada disso. A crise pode ser dura, difícil, dolorosa, mas é novo começo, abertura de novos horizontes.
A cada momento, um mundo está acabando e outro começando. O importante é saber ler os sinais dos tempos e estar preparados para o novo começo.
É preciso saber descobrir em cada acontecimento, por menos importante que pareça, o mundo velho que está acabando e a novidade de vida que começa, o horizonte novo que se abre. Em todo acontecimento, uma crise se revela, e em toda crise, uma ou mais portas se abrem.
Quando uma porta se fecha, duas se abrem, basta ter olhos para ver.
Porque esperamos de Deus a intervenção final e decisiva na história para estabelecer o seu reinado, não vamos ficar omissos, deixar-nos vencer pela preguiça, desistindo da busca por outra Igreja possível e por outro mundo possível.
Da mesma forma que rezamos no pai-nosso “o pão nosso nos dai hoje”, mas não deixamos de ir à luta pelo pão de cada dia, assim também, porque pedimos que sua vontade aconteça “na terra como no céu”, não vamos abandonar a luta pela construção de nova sociedade, diferente da que aí está, de outro mundo, que comece a realizar no presente o que esperamos para o futuro.
Na última ceia, Jesus estava para ser preso e condenado à mais humilhante das mortes. Sabia que iria ficar sozinho. Mesmo assim, ao passar o pão para que cada qual tirasse seu pedaço, disse: “É o meu corpo, sou eu, que me entrego por vocês”. Na missa, lembramos o que ele fez, mandando-nos fazer o mesmo. Aí, a resistência que salva.
padre José Luiz Gonzaga do Prado

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Levantar-se-á o sol da justiça
A liturgia de hoje aborda o tema do julgamento, mostrando que Deus não pode ser manipulado nem comprado. O “tribunal” de Deus não favorece uns em detrimento de outros. Por isso, quem clama por justiça verá que ela acontecerá. No entanto, em Deus justiça e misericórdia andam juntas e não são contrárias uma à outra. Deus é justo sendo misericordioso, e é misericordioso sendo justo.
O tema do julgamento está vinculado ao do último dia. Muitas pessoas temem falar sobre esse assunto, mas a liturgia nos adverte que é necessário estar sempre preparados enquanto o Senhor não vem. A ênfase dada pelos textos não se concentra no medo do inferno nem em eventos históricos desastrosos nem em cataclismos da natureza. Os textos focalizam a ação de Deus na destruição do mal, na implantação da justiça sobre a terra e na ação dos cristãos, a saber, dar o testemunho de fé.
II. COMENTÁRIO DOS TEXTOS BÍBLICOS
1. Evangelho (Lc 21,5-19): Não tenhais medo
O texto de hoje utiliza-se de um recurso literário muito usado na apocalíptica judaica, o testamento de herói. É uma das formas de mostrar a continuidade da história, do plano divino da salvação em tempos difíceis. Consiste, principalmente, em discursos do pseudoautor antes da própria morte/ascensão, nos quais desvela o futuro dos destinatários e faz exortações a que permaneçam na fidelidade a Deus. Por meio desse recurso literário, o verdadeiro autor interpreta para os seus contemporâneos os acontecimentos desastrosos, e assegura-lhes que Deus fará os fiéis vitoriosos sobre o mal.
O texto começa com a observação sobre o templo de Jerusalém, e prossegue com a afirmação de Jesus de que tudo será destruído. As palavras de Jesus querem responder a duas perguntas: quando vai acontecer e quais os sinais indicativos da proximidade do fim dos tempos. Essas perguntas são fundamentais para as comunidades do final do século I d.C.
Jesus diz aos discípulos quais são os sinais; estes não são uma indicação da proximidade do fim dos tempos, mas uma garantia de que certamente a parusia virá. Por isso, os discípulos não devem ter medo diante dos rumores sobre o fim, pois o dia e a hora não são conhecidos. Enquanto a parusia (a vinda de Cristo) não acontece, os discípulos são exortados à fidelidade, principalmente em tempos de perseguição, como é desenvolvido nos vv. 12-17. Contudo, o mais importante é saber que quando chegar o fim será pelo testemunho de fé que os discípulos serão salvos.
2. I Leitura (Ml 3,19-20a): Sereis livres
O texto de Malaquias enfrenta o problema do malvado que prospera enquanto o justo sofre. É compreensível se fazer certas perguntas: que vantagem há em ser bom? De que vale praticar os mandamentos?
A resposta encontrada pelo profeta é que Deus cuida de nós, isto é, não estamos sozinhos quando sofremos e no “Dia do Senhor” a justiça triunfará.
O autor do texto usa a imagem do fogo reduzindo uma árvore a cinzas, para afirmar que o mal será completamente eliminado do mundo, não restará mais nenhuma maldade, nem seus ramos nem suas raízes (3,19).
A Bíblia também se serve do simbolismo do sol para enfatizar a mesma ideia. No contexto em que o profeta vivia, o sol era tido como dispensador de calor e de vida, de luz e de justiça porque sempre brilha para todos. Quando amanhecer o “Dia do Senhor”, a justiça vai brilhar e o último rastro de maldade será varrido da terra.
3. II Leitura (2Ts 3,7-12): Permaneçais firmes
Para a mentalidade dos tessalonicenses, o ser humano se realiza essencialmente na sua dimensão espiritual alienada das realidades terrenas. O trabalho manual era visto como algo degradante. Partindo da mentalidade judaica, o autor afirma que a condição corporal do ser humano não é algo negativo como se fosse um castigo, portanto, o trabalho manual dignifica o ser humano.
Os espiritualistas, que apregoavam o final dos tempos para breve, estavam criando um clima de ansiedade e de tanto frenesi que não havia mais lugar para as tarefas cotidianas. O autor convoca os tessalonicenses para permanecer firmes tendo o Apóstolo como exemplo.
O autor da carta não é um fanático, ainda que espere ardentemente pela volta de Jesus ele exorta os cristãos a viver na fidelidade a Deus e a comprometer-se plenamente com suas tarefas e obrigações terrenas.
Quando essa carta foi escrita, não somente o ensinamento de Paulo, mas a própria vida do apóstolo exercia uma influência muito grande dentro da comunidade, a ponto de ele ser citado como exemplo a ser imitado.
III. PISTAS PARA REFLEXÃO
Os textos de hoje têm o objetivo de animar os cristãos em sua caminhada de fé mediante os desafios enfrentados em circunstâncias de perseguição. Quer incentivá-los a permanecer fiéis e a dar testemunho de sua fé, enquanto esperam a vinda gloriosa de Jesus Cristo.
A imagem que o evangelho apresenta sobre catástrofes não deve ser tomada ao pé da letra. São imagens próprias do gênero literário apocalíptico. Querem ressaltar a mudança radical que acontecerá com a chegada do reino de Deus. Esse simbolismo apenas enfatiza que o “mundo” presente, dominado pelo mal, será destruído para que surja então um mundo novo, onde o mal não existe.
É importante deixar claro que a justiça divina não se assemelha a dos homens (facilmente manipulada pela vingança, por leis excludentes e distorcidas). Deus não se deixa manipular por ninguém. Sua justiça é temperada com misericórdia.
Também se deve dar um destaque para o v. 8: “Tomai cuidado para não serdes enganados”. O que se quer ressaltar com isso é que os cristãos não devem se deixar enganar por discursos sensacionalistas que pregam o fim do mundo, fruto de uma leitura literal desse texto bíblico. Nem tampouco se deixar seduzir por doutrinas que semeiam o medo de um juízo implacável de Deus. Esse tipo de doutrina gera fanatismo e uma vida alienada da realidade, na qual se busca uma via de “santidade” fora do mundo, sem nenhum comprometimento com a transformação da realidade pelo testemunho de uma vida em Deus.
Aíla Luzia Pinheiro Andrade
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Vigilância, atenção e coragem!
Este é o penúltimo domingo do tempo comum. Estamos chegando ao termo de mais um ano litúrgico de nossa Igreja. Durante todos esses meses Lucas foi nos levando pela mão. Dentro em breve ele vai ceder o lugar a Mateus. Compreende-se que se tenha escolhido um texto vigoroso e forte, escrito em estilo apocalíptico em que a esperança aparece no meio das perseguições e da luta diante das perseguições para concluir o ano litúrgico da vida da Igreja. Somos convidados à vigilância, a prestar atenção nos acontecimentos e a não desanimarmos diante das inevitáveis perseguições que sofrem os que desejam ser fiéis ao Senhor.
Algumas pessoas faziam observações e comentários a respeito do esplendor do templo. Toda aquela grandeza fora fruto de um longo e dedicado trabalho de reis, projetistas e operários. Ora, precisamente aquela grandeza seria destruída. Fim de Jerusalém, fim dos tempos, fim de cada um? Sinal de catástrofe. Nem mesmo no templo se deveria fiar. Há um anúncio de sua destruição.
Antes que esses fatos aconteçam virá o tempo da perseguição: os fiéis serão enganados, Vão surgir falsos profetas.  Pessoas farão prognósticos sombrios e proferirão ameaças tentando atingir os seguidores de Jesus.  Jesus admoesta: Não os sigais. São os salvadores da pátria, os chefes de novas igrejas, de seitas loucas que levam à morte. Jesus estaria fazendo alusão à destruição de Jerusalém que se daria no ano 70?
Há toda uma descrição de violência e de catástrofes: pestes e mortes, destruição e terremotos. Sinais do fim? Sinais do endurecimento dos corações? Tudo se resume numa palavra? Perseguição.
Nesse momento há um aviso e uma luz. Vem a perseguição. Ela é inevitável na vida do discípulo como o foi para o Mestre. No meio da perseguição os fiéis darão o testemunho de fidelidade ao Mestre.  Todos os que deram uma resposta pessoal e profunda a Cristo e ao seu Pai  não podem fracassar. Não se tem o direito de desarrumar a vida, desorganizar projetos.  Não é possível fracassar, mesmo no kairós da perseguição. O que se pede é que seja dado um valente testemunho, que se tenham coragem e não covardia.
Os que forem fiéis na hora da perseguições são alentados com uma palavra de esperança: “Fazei o firme propósito de não planejar com antecedência a própria defesa, porque eu vos darei palavras tão acertadas, que nenhum dos inimigos vos poderá resistir ou rebater” Uma força do alto estará presente no momento da tribulação em que os fiéis serão até perseguidos pelos de casa, pelos amigos. Estão imagens das tribulações dos “últimos tempos” .
No meio de tudo essa belíssima palavra de esperança:  “Vós não perdereis um só fio de cabelo de vossa cabeça”.
Chegamos ao final do ano litúrgico em que fomos acompanhados por Lucas. Sabemos que é permanecendo firmes que iremos ganhar a vida, essa vida em plenitude que começa aqui e que desemboca no oceano do amor de Deus.
frei Almir Ribeiro Guimaeães
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A Liturgia da Palavra deste domingo fala sobre uma visão do futuro que nos causa medo, insegurança. Parece que tudo acabará desgraçadamente. Haverá pessoas dizendo que são deuses. Haverá guerras, terremotos, conflitos entre pessoas da mesma família… Mas Ele, Jesus, pede para não nos preocuparmos com tudo isso: “Eu é que vos darei respostas tão sábias, a que nenhum dos adversários poderá resistir nem contradizer” (Lc. 21,15).
Paremos para analisar tudo o que acontece no mundo hoje! Será que isso que o Evangelho nos mostra irá acontecer, ou já acontece? Se já ocorre, não devemos nos preocupar, pois Jesus disse que nos daria respostas sábias; mas quais são estas respostas? De que forma Ele nos fala? Ele também nos diz que é nestas ocasiões de desavenças e rivalidades que devemos dar testemunho (Lc. 21,13). Que tipo de testemunho damos para que Deus se manifeste através de nós nestes acontecimentos frenéticos?
No final do Evangelho Jesus nos dá uma pista de como devemos ser para nos salvar em meio a estes acontecimentos: “Pela vossa perseverança, salvareis vossas vidas” (Lc. 21,19).
Sejamos, pois, cristãos fiéis e perseverantes, porque apesar dos pesares, Deus está sempre conosco, mas, muitas vezes nos encontramos distante d’Ele, não por causa Dele, mas por causa de nós e de nossas vicissitudes que, sem haver necessidades, fazemos com que existam em nossa vida. Por isso, façamos a nossa parte, crentes de que Deus faz a Dele e nos ajuda a fazer a nossa. Assim, confiantes, digamos com São Paulo: “Tudo posso naquele que me fortalece” (Fl. 4,13).
Reflexão feita pelos Noviços deste ano

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A perspectiva final
Neste penúltimo domingo do ano litúrgico, a perspectiva final desenha-se com maior nitidez. Para a Igreja de Lc, exposta à perseguição (perigo de fora) e à apostasia (perigo de dentro), a perspectiva do fim deve servir como incentivo à firmeza na profissão da fé. As perseguições são o prelúdio do juízo de Deus sobre a História, quando ele fizer justiça aos justos e destruir os ímpios (cf. 1ª leitura). Já a destruição de Jerusalém, alguns anos antes, foi um sinal “forte”, apontando para o fim da História (evangelho). Assim também são as aflições do tempo presente. Mas os cristãos não precisam temer: o Espírito – a força e inteligência de Deus – está com eles, para se defenderem. Quem ficar firme, salvar-se-á. Uma idéia secundária, no evangelho, é a advertência de não correr atrás de qualquer um (por causa da impaciência).
Em At. 5,37, Lc. mesmo lembra Judas o Galileu e Teudas; podemos também pensar na revolta judaica de 66 d.C. Cansados de esperar a Parusia, os cristãos eram tentados de seguir pretensos movimentos messiânicos. Lc. exorta-os a só esperar Jesus Cristo glorioso e, entretanto, ser suas testemunhas no mundo.
A mensagem é ainda válida. Também nós estamos na tentação de querer ver acontecer o Reino definitivo de Deus diante de nossos olhos e de correr atrás dos messianismos modernos: os maravilhosos mundos novos da tecnocracia, da burocracia, do materialismo prático, do livre mercado; e, ultimamente, as novas formas de alienação religiosa e pseudomística! Contra todas essas tentações precisamos da firmeza permanente, que só o Espírito do Cristo nos pode dar. Aprofundando, pela oração e pela incansável prática da verdadeira caridade, o nosso espírito, comungando com o de Cristo, enfrentaremos com firmeza tudo aquilo que pretende ser palavra ou instância última e não o é! E nada impede que vejamos, como Jesus e seus contemporâneos, nas cidades destruídas e impérios desarticulados os sinais de que nenhuma instância humana está acima de tudo, mas só Deus que é o Senhor da História. Podemos até tentar tirar a força desses impérios, para o bem da justiça e das pessoas – sem, contudo, pensar que, com isso, estaremos decidindo o sentido final da História. Pois todo nosso agir é provisório, embora neste provisório se encarne o eterno: o reino tio amor de Deus (por isso, não o ódio, mas o amor deve mover nossa práxis histórica).
Ora, existe também o perigo de cruzar os braços, dizendo: “Se tudo o que fazemos
é provisório, então, que adianta?” Quem raciocina assim, não deveria comer, pois dentro de cinco horas vai ter fome de novo. É mais ou menos o que Paulo responde aos tessalonicenses que sob alegação da proximidade da Parusia passam seu tempo numa alienada (ou muito esperta?) desocupação: “Quem não trabalha, não coma” (2ª leitura). Paulo mesmo deu o exemplo do trabalho para o próprio sustento, para não ser um peso para ninguém. Podemos pensar também no trabalho como meio de sustentação da comunidade humana, trabalho científico, econômico, político, cultural, em uma palavra: trabalho em todos os setores da comunidade humana, até que ela chegue ao ponto definitivo e irreversível, que Deus determina.
Há pessoas que dizem: não adianta mudar as estruturas, pois logo se corrompem de novo. Lembrando Paulo, respondemos: quem diz isso, também não deve comer, pois logo ficará com fome de novo. Ora, os tessalonicenses que não trabalhavam, não deixavam de comer. Os que não querem lutar por estruturas melhores, não deixam de aproveitar – e como! – a existência de estruturas socioeconômicas! O provisório tem seu valor. Relativo, decerto, mas real. É a encarnação de nossa aspiração à justiça de Deus, que tem a última palavra. Trabalhar neste sentido, dia após dia, eis a firmeza permanente, o serviço fiel (cf. oração do dia).
Johan Konings "Liturgia dominical"

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Ocasião para darmos testemunho
O atraso da parúsia provocou muitas especulações acerca da “segunda vinda de Cristo”. Especulações estas que deram origem a um discurso milenarista. A expectativa da segunda volta de Cristo gerou, ainda, uma tradição de que alguns fenômenos atmosféricos anunciavam o fim do mundo e, mais, de que Deus seria o responsável, por causa de sua decepção ante a maldade do ser humano que ele criou. São Lucas, no entanto, vai se utilizar destes elementos para anunciar um tempo aberto na história para o testemunho: “Será uma ocasião para dardes testemunho” (v. 13).
A menção da destruição do Templo (vv. 5-6), que pode ser considerada uma profecia ex eventu, não é uma previsão do futuro, mas um modo de ajudar os discípulos e o leitor do evangelho a superarem as provações do tempo presente. Em outros termos, o que Jesus quer dizer é o seguinte: não importa o que aconteça, não se deve esmorecer, nem temer, nem ser envolvido pela perplexidade. É preciso apoiar a vida em valores verdadeiros e sólidos. Até o Templo, ornado com tantas pedras preciosas (cf. v. 6), desaparecerá, pois ele figura entre as coisas que passam. A vida do ser humano deve estar apoiada no que não passa nem decepciona: Deus. As palavras de Jesus, inspiradas numa linguagem apocalíptica, não predeterminam nenhuma data, mas fazem um apelo ao discernimento permanente. Jesus evita responder à pergunta: “... quando será, e qual o sinal de que isso está para acontecer?” (v. 7). Mas alerta: “Cuidado para não serdes enganados…” (v. 8). Ele não responde à questão posta, pois a preocupação do discípulo não deve ser com o quando, mas com que atitude ter em meio às adversidades da vida e aos dramas da humanidade. Do discípulo é exigida uma atitude de confiança que nada pode abalar, nem mesmo as catástrofes naturais, nem as perseguições por causa do evangelho. A propósito das perseguições e da morte, é preciso pôr a vida nas mãos de Deus: em primeiro lugar, como dissemos, será uma ocasião de dar testemunho (cf. v. 13) e, em segundo lugar, de confiar que é Deus quem inspira, dá força e protege a causa de seus eleitos. Nos Atos dos Apóstolos, o próprio Lucas relata a atitude de Pedro e João, perseguidos pelas autoridades judaicas: “Quanto a eles, deixaram o Sinédrio muito alegres por terem sido julgados dignos de sofrer humilhações pelo Nome” (At. 5,41). É na vitória de Jesus Cristo que deve estar apoiada a esperança dos cristãos: “No mundo tereis tribulações, mas coragem! Eu venci o mundo” (Jô. 16,33). Com São Paulo podemos, então, nos perguntar: “Quem nos separará do amor de Cristo?”. E com ele respondermos: nada nem ninguém (Rm. 8,31-39).
Carlos Alberto Contieri,sj
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A liturgia deste domingo reflete sobre o sentido da história da salvação e diz-nos que a meta final para onde Deus nos conduz é o novo céu e a nova terra da felicidade plena, da vida definitiva. Este quadro (que deve ser o horizonte que os nossos olhos contemplam em cada dia da nossa caminhada neste mundo) faz nascer em nós a esperança; e da esperança brota a coragem para enfrentar a adversidade e para lutar pelo advento do Reino.
Na primeira leitura, um “mensageiro de Deus” anuncia a uma comunidade desanimada, céptica e apática que Jahwéh não abandonou o seu Povo. O Deus libertador vai intervir no mundo, vai derrotar o que oprime e rouba a vida e vai fazer com que nasça esse “sol da justiça” que traz a salvação.
O Evangelho oferece-nos uma reflexão sobre o percurso que a Igreja é chamada a percorrer, até à segunda vinda de Jesus. A missão dos discípulos em caminhada na história é comprometer-se na transformação do mundo, de forma a que a velha realidade desapareça e nasça o Reino. Esse “caminho” será percorrido no meio de dificuldades e perseguições; mas os discípulos terão sempre a ajuda e a força de Deus.
A segunda leitura reforça a ideia de que, enquanto esperamos a vida definitiva, não temos o direito de nos instalarmos na preguiça e no comodismo, alheando-nos das grandes questões do mundo e evitando dar a nossa contribuição na construção do Reino.
1º leitura – Mal 4,1-2 - AMBIENTE
O nome “Malaquias” não é um nome próprio. Significa “o meu mensageiro”; é o título tomado por um profeta anônimo, sobre o qual  praticamente nada sabemos e que se apresenta como “mensageiro” de Deus.
É, de qualquer forma, um profeta do período pós-exílico. Na sua época, o Templo já havia sido reconstruído (cf. Mal 1,10) e o culto já funcionava – ainda que mal (cf. Mal. 1,7-9.12-13)… No entanto, o entusiasmo pela reconstrução estava apagado; desanimado ao ver que as antigas promessas de Deus não se tinham cumprido, o Povo havia caído na apatia religiosa e na absoluta falta de confiança em Deus… Duvidava do amor de Deus, da sua justiça, do seu interesse por Judá. Todo este cepticismo tinha repercussões no culto (cada vez mais desleixado) e na ética  (multiplicavam-se as falhas, as injustiças, as arbitrariedades). Este quadro, posterior à restauração do Templo, situa-nos na primeira metade do séc. V a.C. (entre 480 e 450 a.C.).
Este “mensageiro de Deus” reage vigorosamente contra a situação em que o Povo de Judá está a cair. Coloca cada um diante das suas responsabilidades para com Jahwéh e para com o próximo, exige a conversão do Povo e a reforma da vida cultual. A sua lógica é a lógica deuteronomista: se o Povo se obstinar em percorrer caminhos de infidelidade à Aliança, voltará a conhecer a morte e a infelicidade; mas se o Povo se voltar para Deus e cumprir os mandamentos, voltará a gozar da vida e da felicidade que Deus oferece àqueles que seguem os seus caminhos.
Uma nota de caráter prático: o texto que nos é hoje proposto aparece, nas edições mais recentes da Bíblia, numerado não como 4,1-2, mas como 3,19-20.
MENSAGEM
O nosso texto refere-se ao “dia do julgamento” – isto é, ao dia em que Jahwéh vai intervir na história, no sentido de destruir o mal, a injustiça, a opressão, o pecado e fazer triunfar o bem, a justiça, a verdade. Diante do fogo do Senhor que purifica e renova, “serão como palha os soberbos e malfeitores” e o Senhor “não lhes deixará nem raiz nem ramos”; em contrapartida, para os que se mantêm nos caminhos da aliança e dos mandamentos, “nascerá o sol da justiça, trazendo nos seus raios a salvação”.
De que é que o “mensageiro” de Deus está a falar? Está a falar do “fim do mundo”?
Não. Está a referir-se ao “dia do Senhor” – um conceito que aparece com frequência na literatura profética (cf. Am. 5,18; Sof. 1,14-18; Jl. 2,11) para designar o momento da intervenção de Deus na história, o momento em que Jahwéh vai oferecer ao seu Povo a salvação definitiva… O profeta está – utilizando uma linguagem e imagens tipicamente proféticas – a pedir aos seus concidadãos que não desanimem nem desesperem, pois Deus vai intervir no mundo para fazer aparecer um mundo novo.
Trata-se, fundamentalmente, de um apelo à esperança: “apesar da situação caótica em que estamos, não desanimemos, mantenhamo-nos fiéis a Jahwéh, pois Deus vai fazer aparecer um mundo novo, de vida e de felicidade para todos”. As imagens do “fogo” devorador e da “palha” que é integralmente queimada são imagens bíblicas muito comuns na época (sobretudo entre os autores apocalípticos) para significar a intervenção de Deus, a atuação libertadora de Deus no mundo. Como imagens que são, não devem ser tomadas à letra…
Para os cristãos, esta profecia compreende-se à luz da intervenção libertadora de Jesus: ele é o “sol de justiça” que brilha no mundo e que insere os homens na dinâmica de um mundo novo – a dinâmica do “Reino”.
ATUALIZAÇÃO
¨ Muitas vezes temos a sensação de que o nosso mundo caminha para o abismo e que nada o pode deter. Olhamos para o mapa dos conflitos bélicos e vemos pintados de sangue o presente e o futuro de tantos povos; olhamos para a natureza e vemo-la devorada pelos interesses das multinacionais da indústria; olhamos para as pessoas e vemo-las fechadas no seu cantinho, desinteressadas das grandes questões (fala-se, até, de uma “geração rasca” e de “crise de valores” para descrever o quadro de desinteresse, de descomprometimento, de ausência de grandes ideais)… A questão é: a esperança ainda faz sentido? Este mundo tem saída? Um profeta anônimo de há 2450 anos dá voz à esperança e garante-nos: Deus não nos abandonou; Ele vai intervir – Ele está sempre a intervir – no mundo…
¨ É preciso ter consciência de que a intervenção libertadora de Deus não deve ser projetada apenas para o “último dia” do mundo… Ela acontece a cada instante; e nós devemos estar numa espera vigilante e ativa, a fim de sabermos reconhecer e acolher de braços abertos a intervenção salvadora e libertadora de Deus na nossa história e na nossa vida.
¨ Muitas vezes esta profecia e outras semelhantes são usadas pelas seitas (e, às vezes, até por certos grupos que se dizem cristãos, mas que seguem o mesmo percurso das seitas) para incutir medo: “está a chegar o fim do mundo e quem, até lá, não ganhar juízo, irá sofrer castigos pavorosos e ser atirado para o inferno”…
Interpretar estes textos desta forma é distorcer gravemente a Palavra de Deus: eles não pretendem amedrontar-nos, mas fortalecer a nossa esperança no Deus libertador e dar-nos a coragem necessária para enfrentar os dramas da vida e da história.
2º leitura – 2Tes. 7-12 - AMBIENTE
Continuamos a ler a Segunda Carta aos Tessalonicenses. O seu autor dirige-se – como já vimos nos domingos anteriores – a uma comunidade que vive com entusiasmo a sua fé e que dá um testemunho vigoroso e comprometido da sua adesão ao Evangelho de Jesus, mesmo no meio das dificuldades e das perseguições… No entanto, a partida precipitada de Paulo (que teve de deixar Tessalônica à pressa para fugir a uma cilada armada contra ele pelos judeus da cidade) não permitiu que a catequese ficasse completa e que certas questões de fé fossem suficientemente desenvolvidas e amadurecidas. Uma dessas questões – que inquietava grandemente os tessalonicenses – era a da segunda vinda do Senhor.
Nesta carta percebe-se, claramente, que alguns cristãos de Tessalônica, persuadidos de que a vinda do Senhor estava muito próxima, viviam “nas nuvens”, negligenciando os seus deveres de todos os dias (2Tes. 2,1-2). Agora, a única coisa que faz sentido – dizem eles – é ter os braços, os olhos e o coração voltados para o céu, esperando a vinda gloriosa do Senhor. Esta atitude compreende-se ainda melhor à luz da antropologia grega, segundo a qual o homem deve viver voltado para o mundo ideal e espiritual, fugindo o mais possível do terreno e material; o trabalho manual – de acordo com esta perspectiva – é degradante, sem valor algum para a construção da pessoa e deve ser evitado a todo o custo… É este o enquadramento da nossa leitura.
MENSAGEM
O autor da Segunda Carta aos Tessalonicenses rejeita totalmente esta concepção e a atitude daqueles que – com a desculpa da iminência da vinda do Senhor – vivem ocupados com futilidades e não fazem nada de útil. Nas entrelinhas percebemos a perspectiva de inspiração semita, segundo a qual a condição corporal do homem não é um castigo; portanto, o trabalho manual não envelhece, mas dignifica.
De resto, o autor da carta dá como exemplo o próprio Paulo: ele nunca escolheu a ociosidade, nem viveu à custa de quem quer que fosse (“trabalhamos noite e dia com esforço e fadiga, para não sermos pesados a nenhum de vós” – v. 8); até mesmo durante as suas viagens missionárias, Paulo nunca aceitou qualquer pagamento – o que mostra que o seu amor pelos cristãos e pelas comunidades é sincero e nunca teve qualquer interesse material.
O tom desta passagem é exigente, solene, autoritário, pois está em jogo algo de fundamental – a harmonia da comunidade. É que, se numa comunidade houver parasitas que vivem à custa dos demais, rapidamente a comunidade chegará a uma situação insustentável: o equilíbrio romper-se-á, surgirão os conflitos, as acusações, as divisões e a fraternidade será uma miragem. Viver em comunidade exige a repartição equitativa dos recursos a que a comunidade tem acesso; mas exige, também, a responsabilização de todos os membros, a fim de que todos ponham ao serviço dos irmãos os próprios dons e contribuam para a construção, para o equilíbrio e para a harmonia comunitárias.
ATUALIZAÇÃO
¨ Ao contrário do que dizem alguns “iluminados”, o cristianismo não fomenta a evasão deste mundo, nem pretende fazer alienados que vivam de olhos postos no céu e passem ao lado das lutas dos outros homens… Pelo contrário, o cristianismo vivido com verdade, seriedade e coerência potencia um empenhamento sincero na construção de um mundo mais justo e mais fraterno, todos os dias, vinte e quatro horas por dia. O “Reino de Deus” é uma realidade que atingirá o ponto culminante na vida futura; mas começa a construir-se aqui e agora e exige o esforço e o empenho de todos. A minha atitude é a de quem se comprometeu com o “Reino” e procura construí-lo em cada instante da sua existência?
¨ Nas comunidades cristãs encontramos, com frequência, pessoas que falam muito e mandam muito, mas fazem muito pouco e, muitas vezes, ainda se aproveitam dos trabalhos dos outros para se enfeitar de louros… Também encontramos aqueles que são apenas “consumidores passivos” daquilo que a comunidade constrói, mas não se esforçam minimamente por colaborar. Qual é a minha atitude face a isto? Dou a minha contribuição na construção da comunidade? Ponho a render os meus dons?
¨ A Palavra interpela também as comunidades religiosas… A vida religiosa pode ser apenas uma vida cômoda (com cama, mesa e roupa lavada garantidas) para pessoas que gostam de viver instaladas, arrumadas, sem ambições… É preciso cuidado para não nos tornarmos parasitas da sociedade (e, muitas vezes, de pessoas que vivem muito pior do que nós e que ainda partilham conosco o pouco que têm): a nossa missão é tornarmo-nos “sinais” que anunciam o mundo novo e trabalhar para que esse mundo novo seja uma realidade.
Evangelho – Lc. 21,5-19 - AMBIENTE
Estamos em Jerusalém, nos últimos dias antes da paixão. Como acontece com os outros sinópticos (cf. Mt 24-25; Mc 13), também Lucas conclui a pregação de Jesus com um discurso escatológico onde se misturam referências à queda de Jerusalém e ao “fim dos tempos”. Na versão lucana, Jesus está nos átrios do Templo com os discípulos (na versão de Mateus e de Marcos, Jesus está no monte das Oliveiras); é a contemplação das belas pedras do Templo, que leva Jesus a esta catequese escatológica.
MENSAGEM
O discurso escatológico que Lucas nos traz é uma apresentação teológica onde aparecem, em pano de fundo, três momentos da história da salvação: a destruição de Jerusalém, o tempo da missão da Igreja e a vinda do Filho do Homem (que porá fim ao “tempo da Igreja” e trará a plenitude do “Reino de Deus”).
O texto começa com o anúncio da destruição de Jerusalém (vs. 5-6). Na perspectiva profética, Jerusalém é o lugar onde deve irromper a salvação de Deus (cf. Is. 4,5-6; 54,12-17; 62; 65,18-25) e para onde convergirão todos os povos empenhados em ter acesso a essa salvação (cf. Is. 2,2-3; 56,6-8; 60,3; 66,20-23). No entanto, Jerusalém recusou a oferta de salvação que Jesus veio trazer. A destruição da cidade e do
Templo significa que Jerusalém deixou de ser o lugar exclusivo e definitivo da salvação. A Boa Nova de Jesus vai, portanto, deixar Jerusalém e partir ao encontro de todos os povos. Começa, assim, uma outra fase da história da salvação: começa o “tempo da Igreja” – o tempo em que a comunidade dos discípulos, caminhando na história, testemunhará a salvação a todos os povos da terra.
Vem, depois, uma reflexão sobre o “tempo da Igreja”, que culminará com a segunda vinda de Jesus (vs. 7-19). Como será esse tempo? Como vivê-lo? Em primeiro lugar, Lucas sugere que, após a destruição de Jerusalém, surgirão falsos messias e visionários que anunciarão o fim (o que é, aliás, vulgar em épocas de crise e de catástrofe). Lucas avisa: “não sigais atrás deles” (v. 8); e esclarece: “não será logo o fim” (v. 9). A destruição de Jerusalém no ano 70 pelas tropas de Tito deve
ter parecido aos cristãos o prenúncio da segunda vinda de Jesus e alguns pregadores populares deviam alimentar essas ilusões… Mas Lucas (que escreve durante os anos 80) está apostado em eliminar essa febre escatológica que crescia em certos sectores cristãos: em lugar de viverem obcecados com o fim, os cristãos devem preocupar-se em viver uma vida cristã cada vez mais comprometida com a transformação “deste” mundo.
Em segundo lugar, Lucas diz aos cristãos o que acontecerá nesse “tempo de espera”: paulatinamente, irá surgindo um mundo novo. Para dizer isto, Lucas recorre a imagens apocalípticas (“há-de erguer-se povo contra povo e reino contra reino” – v. 10, cf. Is. 19,2; 2 Cr 15,6; “haverá grandes terremotos e, em diversos lugares, fome e epidemias; haverá fenômenos espantosos e grandes sinais no céu” – v. 11), muito usadas pelos pregadores populares da época para falar da queda do mundo velho – o mundo do pecado, do egoísmo, da exploração – e do surgimento de um mundo novo… A questão é, portanto, esta: no tempo que medeia entre a queda de Jerusalém e a segunda vinda de Jesus, o “Reino de Deus” ir-se-á manifestando; o mundo velho desaparecerá e nascerá um mundo novo (recordemos que os discípulos não devem esperá-lo de braços cruzados, à espera que Deus faça tudo, mas devem empenhar-se na sua construção). É claro que a libertação plena e definitiva só acontecerá com a segunda vinda de Jesus.
Em terceiro lugar, Lucas põe os cristãos de sobreaviso para as dificuldades e perseguições que marcarão a caminhada histórica da Igreja pelo tempo fora, até à segunda vinda de Jesus. Lucas lembra-lhes, contudo, que não estarão sós, pois Deus estará sempre presente; será com a força de Deus que eles enfrentarão os adversários e que resistirão à tortura, à prisão e à morte; será com a ajuda de Deus que eles poderão, até, resistir à dor de ser atraiçoados pelos próprios familiares e amigos… Quando Lucas escreve este texto, tem bem presente a experiência de uma Igreja que caminha e luta na história para tornar realidade o “Reino” e que, nessa luta, conhece os sofrimentos, as dificuldades, a perseguição e o martírio; as palavras de alento que ele aqui deixa – sobretudo a certeza de que Deus está presente e não abandona os seus filhos – devem ter constituído uma ajuda inestimável para esses cristãos a quem o Evangelho se destinava.
O discurso escatológico define, portanto, a missão da Igreja na história (até à segunda vinda de Jesus): dar testemunho da Boa Nova e construir o Reino. Os discípulos nada deverão temer: haverá dificuldades, mas eles terão sempre a ajuda e a força de Deus.
ATUALIZAÇÃO
¨ O que parece, aqui, fundamental, não é o discurso sobre o “fim do mundo”, mas sim o discurso sobre o percurso que devemos percorrer, até chegarmos à plenitude da história humana… Trata-se de uma caminhada que não nos leva ao aniquilamento, à destruição absoluta, ao fracasso total, mas à vida nova, à vida plena; por isso, deve ser uma caminhada que devemos percorrer de cabeça levantada, cheios de alegria e de esperança.
¨ É, sem dúvida, uma caminhada eivada de dificuldades, de lutas, onde o bem e o mal se confrontarão sem cessar; mas é um percurso onde o mundo novo irá surgindo – embora com avanços e recuos – e onde a semente do “Reino” irá germinando. Aos crentes pede-se que reconheçam os “sinais” do “Reino”, que se alegrem porque o “Reino” está presente e que se esforcem, todos os dias, por tornar possível essa nova realidade. A nossa vida não pode ser um ficar de braços cruzados a olhar para o céu, mas um compromisso sério e empenhado, de forma a que floresça o mundo novo da justiça, do amor e da paz. Quais são os sinais de esperança que eu contemplo e que me fazem acreditar na chegada iminente do “Reino”? O que posso fazer, no dia a dia, para apressar a chegada do “Reino”?
¨ Nessa caminhada, os crentes sabem que não estão sós, mas que Deus vai com eles… É essa presença constante e amorosa de Deus que lhes permitirá enfrentar as forças da morte, apostadas em evitar que o mundo novo apareça; é essa força de Deus que permitirá aos discípulos de Jesus vencer o desânimo, a adversidade, o medo.
¨ Alguns sinais de desagregação do mundo velho, que todos os dias contemplamos, não devem assustar-nos: eles são, apenas, sinais de que estamos a nascer para algo novo e melhor. O perder certas referências pode assustar-nos e baralhar os nossos esquemas e certezas; mas todos sabemos que é impossível construir algo mais bonito, sem a destruição do que é velho e caduco.
P. Joaquim Garrido, P. Manuel Barbosa, P. José Ornelas Carvalho