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terça-feira, 5 de novembro de 2019

32º DOMINGO TEMPO COMUM-Ano C


32º DOMINGO TEMPO COMUM-Ano C

10 de Novembro de 2019
Evangelho - Lc 20,27-38


-NA OUTRA VIDA SEREMOS ANJOS- Lc 20,27-38 -José Salviano

 

Os judeus não acreditavam na vida eterna, e por tanto, pensavam que a alma morria com o corpo. Alguns pensavam que na outra vida, nós viveríamos numa situação igual ou semelhante  a nossa vida terrena, com as mesmas necessidades vitais com as quais temos de conviver aqui.

 

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O NOSSO DEUS É O DEUS DA VIDA E NÃO DOS MORTOS.. -  Olivia Coutinho

32º DO DOMINGO COMUM

Dia 10 de Novembro de 2019

Evangelho de Lc20,27-38

No mundo de hoje, são muitos os descrentes, pessoas  perdidas no seu vazio existencial que  não encontram  sentido para suas vidas. Estes, se ocupam, buscando explicações para o inexplicável, questionando  a palavra de Deus, analisando as coisas do alto segundo a lógica dos homens.
Há muitas coisas no campo da fé, que devemos  apenas aceitar, quanto a nossa vida futura, não precisamos perder tempo com tantas preocupações, questionamentos, o que devemos preocupar, é com a nossa vida presente. É vivendo bem  o nosso tempo presente, que estaremos nos preparando para a nossa vida futura.
No evangelho  que a liturgia de hoje nos convida a refletir, Jesus é colocado  diante de uma pergunta de fundo maldoso dirigida por alguns saduceus. Por não acreditarem na ressurreição, os saduceus  que não acreditavam na ressurreição, colocaram Jesus a prova . Para testá-lo, eles formularam  uma pergunta  a partir de um suposto  caso:  uma mulher que teria se enviuvado de sete irmãos.  Mesmo sabendo que os saduceus queriam testá-lo, Jesus responde a pergunta, deixando claro, que a certeza da ressurreição, se baseia na revelação do Deus que se dá a conhecer como o Deus dos vivos e não dos mortos! Os saduceus  no ponto de vista religioso, só acreditavam nos textos bíblicos atribuídos a Moisés, os quais eles consideram autenticas, e Jesus, tira de um diálogo entre Deus e Moisés, a prova de que os mortos ressuscitam, silenciando assim, estes  seus interlocutores. “Que os mortos ressuscitam Moisés também o indicou na passagem da sarça, quando chama o Senhor, de o Deus de Abrão o Deus de Isaac e o Deus de Jacó.” E conclui: “Deus não é Deus dos mortos, mas dos vivos, pois todos vivem para Ele.” “Nesta vida, os homens e as mulheres casam-se, mas os que forem julgados dignos da ressurreição dos mortos de participar da vida futura, nem eles se casam, nem elas se dão em casamento; e já não poderão morrer, pois serão iguais aos anjos, filhos de Deus porque ressuscitaram.”
Essas  palavras de Jesus,  vem afirmar, que na vida futura, os laços firmados nesta vida presente, não serão mantidos, que haverá uma ruptura entre a passagem desta vida para a outra. Por tanto, é sem fundamento, pensar que os casados, após a ressurreição, continuarão juntos. Na eternidade, não haverá mais necessidade de unir-se ao outro, marido e mulher poderão até estarem lado a lado, mas como anjos...
A ressurreição de Jesus, trouxe-nos a certeza da nossa ressurreição. Ao
 ressuscitar Jesus, Deus nos deu a certeza de que há vida melhor por vir.
A pergunta capciosa dos Saduceus dirigida a Jesus, com o intuito de criticar a fé na ressurreição, contribuiu para que chegasse até a nós, a mais bela certeza: o nosso Deus é o Deus dos vivos e não dos mortos.


FIQUE NA PAZ DE JESUS - Olivia Coutinho
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XXXII DOMINGO DO TC 10/11/2013
1ª Leitura 2Macabeus 7, 1-2.9-14
Salmo 16(17),15b “Ao despertar, irei saciar-me com a visão do vosso ser”
2ª Leitura 2 Tessalonicenses 2,16-3,5
Evangelho Lucas 20, 27-38
                   “RESSURREIÇÃO É VIDA NOVA!” - Diac. José da Cruz
Há muitas pessoas que desdenham do “céu” por achar que ele não existe, e que portanto não há ressurreição dos mortos. Para estes, a vida se resume a esta existência terrena, “céu e inferno é por aqui mesmo!“- dizem de boca cheia.
Claro que esta concepção de um “Paraíso Terrestre” só considera a felicidade que o mundo nos oferece, porque se fundamenta no TER e no PODER. Para estes, felicidade é desfrutar da vida tudo o que ela pode oferecer, em todo e qualquer prazer, realizando qualquer desejo. Esse paraíso sonhado e inventado pelo homem, termina inesperadamente, em um leito de hospital, em um acidente, em um ato de violência e daí, toda esta bela fantasia acaba enterrada em uma cova ou colocada em um túmulo, pois até quem não crê, sabe que desta vida nada se leva. Portanto, viver em função desse falso paraíso, pode ter certeza de que não vale a pena! É preciso descobrir o verdadeiro sentido dessa vida.
Mas há pessoas mais ingênuas que crêem em uma ressurreição enquanto revivicação do cadáver, ou seja, ressuscitar é voltar a esta vida, sendo que era este o conceito rudimentar de ressurreição no antigo testamento. De modo prático podemos pensar no seguinte, a pessoa morreu vítima de um acidente de trânsito, ressuscita e volta novamente a esta vida, com todas as suas limitações e fragilidades, um dia morre vítima de uma grave enfermidade. De que adianta a ressurreição, se tudo volta à mesmice?
Os Saduceus eram uma classe elitizada, pertencente a uma corrente religiosa que não acreditava na ressurreição, e nessa conversa com Jesus inventam uma novelinha de linha bem humoresca, baseada na lei de Moisés, de certa mulher que pelo visto, devia ser “Fogo na roupa”, porque casou-se com sete irmãos, um após a morte do outro, e por fim, um belo dia a coitada também “bateu com a cacholeta”, também não era para menos...
A história irônica tem como objetivo desmoralizar a doutrina cristã sobre a ressurreição dos mortos, perguntando de maneira até irreverente, de quem a tal mulher seria esposa após a ressurreição, já que havia se dado em casamento a todos os sete, como se a gente levasse para a vida eterna todas as intrigas e demais complicações desta vida. Se fosse assim, a ressurreição seria um grande engano.
Mas Jesus rebate os gozadores com um argumento muito consistente: os que forem considerados dignos da Vida Eterna, não morrerão. Isso é, não deixarão de existir mas entrarão em uma Vida totalmente nova, passando a ser um homem renovado, um ser glorioso, sem limites e sem mais nenhuma necessidade terrena.
E qual a relação entre esta vida nova da pós-morte, e esta vida terrena? As relações nesta vida, inclusive a conjugal, nada mais são do que um exercício para este amor da plenitude, que só encontramos em Jesus Cristo após a ressurreição. Por isso, nesta vida terrena temos necessidade do próximo com quem nos relacionamos nesse constante aprendizado, que vai nos santificando em cada momento.
A expressão muito usada, na morte de um ente querido, de que um dia iremos reencontrá-lo, é legítima e verdadeira, porém, este encontro não será como imaginamos, marcado por lembranças, sentimentos, recordações, emoções: “Oi, como vai? Há quanto tempo a gente não se vê. E daí ? Como está a vida nova? Estou louco para rever todos os que partiram antes de mim... Vamos por a conversa em ordem”.
Seria muita ingenuidade ficarmos imaginando coisas assim, na ressurreição. De nada disso teremos mais necessidade, pois todos estaremos em Deus, mergulhados em sua santidade, plenitude e perfeição. Nada mais teremos a aprender. Poderá por acaso um acadêmico retorna a um curso de alfabetização?
O que importa é viver a vida com essa certeza de que a vivemos para Deus, aproveitando cada minuto para praticar o amor, a única virtude que levaremos para a Ressurreição. Quem viver assim, não morrerá jamais! Palavra de Jesus de Nazaré, ressuscitado pelo Pai, e que vai à nossa frente, mostrando-nos o caminho, dando-nos alegria e coragem e acima de tudo confirmando-nos que o nosso Deus é o Deus dos vivos e não dos mortos!
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Evangelhos Dominicais Comentados

10/novembro/2013 – 32º Domingo do Tempo Comum

Evangelho: (Lc 20,27-38)


Neste Evangelho, encontramos Jesus rodeado por alguns doutores da lei, chamados saduceus, que o procuraram para testá-lo, para colocá-lo a prova.

O grupo dos saduceus era formado por sacerdotes e leigos da alta sociedade. Eram pessoas ricas e influentes, subordinadas aos romanos e por isso, odiadas pelo povo e também pelos fariseus. No entanto, Apesar da aparente inimizade, por diversas vezes, fariseus e saduceus, uniram-se para combater Jesus.

Encontrar alguma falha em Jesus era para eles uma obsessão. Os saduceus não acreditavam na ressurreição dos mortos e negavam a Providência Divina. Para tentar justificar sua descrença, quiseram saber a opinião de Jesus a respeito da Lei de Moisés que dispunha sobre o matrimônio.

Toda nossa inteligência e raciocínio estão muito longe de entender o que nos espera na eternidade, mas pelo visto, querer enxergar as coisas de Deus com olhos humanos é coisa antiga. Com os saduceus era assim e parece que deles, herdamos a mesma mania.

Assim como os saduceus, nós também temos um conceito bem distorcido a respeito da vida eterna. Encaramos a eternidade como uma simples continuidade desta vida. Preocupamos-nos inclusive, em juntar tesouros, como se fôssemos realmente levá-los e utilizá-los no Paraíso.

Uma certeza nós temos: maravilhas que os olhos humanos jamais viram, Deus Pai reservou para nós no Céu. No entanto, não conseguimos entender a amplitude dessas maravilhas. Nossa postura com relação à vida eterna é parecida com a posição de um migrante ou turista. Parece que vamos somente para uma nova cidade, estado ou país, onde os nossos sonhos serão realizados.

Nosso entendimento é tão limitado, que nos leva a traçar um comparativo com as coisas boas que conhecemos. Por isso achamos que essas maravilhas de Deus se resumem em saúde, segurança, conforto, terra, emprego e uma série de coisas que almejamos, sempre relacionadas com nosso dia-a-dia.

A primeira resposta de Jesus, aos saduceus ressalta que o matrimônio é uma instituição deste mundo em que homens e mulheres morrem. A finalidade do casamento é conservar a espécie, através de novos nascimentos. Mas isso é uma necessidade apenas para este mundo.

Ao professarmos nossa fé, afirmamos que cremos na ressurreição da carne e na vida eterna, portanto, após a ressurreição, não haverá mais morte nem nascimento. A alma não morre, porém a carne ressuscitará e assumirá um corpo imortal, semelhante aos anjos, por isso não haverá necessidade da união entre esposa e marido.   

Nunca é demais lembrar que, na mesma oração de profissão de fé, também afirmamos que cremos que Jesus Cristo Ressuscitado, virá para julgar os vivos e os mortos. Por tudo isso, devemos viver a justiça e o amor, pois Jesus disse também que o justo não conhecerá a morte eterna.

A fé e a esperança na ressurreição devem se traduzir num compromisso em defesa da vida. Sabemos o que isso implica para nós enquanto comunidade. Acreditar no Deus dos vivos nos leva a lutar contra a opressão e injustiças. A certeza da ressurreição deve transformar vizinhos em irmãos.

(2871)



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Deus salve a nossa família! - Pe. José Cristo Rey
Evangelho - Lc 20,27-40
Deus não é Deus dos mortos, mas dos vivos.

“...os que forem julgados dignos da ressurreição dos mortos e de participar da vida futura, nem eles se casam nem elas se dão em casamento; e já não poderão morrer, pois serão iguais aos anjos, serão filhos de Deus, porque ressuscitaram.
Mas não desanimemos! Leia a belíssima reflexão do padre José Cristo Rey:
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NA OUTRA VIDA SEREMOS IGUAIS AOS ANJOS. NÃO SEREMOS MARIDOS E MULHERES

No Evangelho, Jesus garante que a ressurreição é a realidade que nos espera. No entanto, não vale a pena julgar e imaginar essa realidade à luz das categorias que marcam a nossa existência finita e limitada neste mundo; a nossa existência de ressuscitados será uma existência plena, total, nova. A forma como isso acontecerá é um mistério; mas a ressurreição é uma certeza absoluta no horizonte do crente.
"Creio na ressurreição": energia extra!
Em quantos funerais fomos ao longo do ano! De quantas pessoas nos despedimos definitivamente quando menos esperávamos!

Haverá algo depois?

O mais espontâneo - para o ser humano desta cultura globalizada e mais secular que antes - é crer que com a morte tudo se acaba, e que o ser humano é efêmero e, chegado um determinado momento, desaparece, se dilui, deixa de existir sem mais nada.

Esta foi durante muito tempo a fé do povo de Deus, de Israel. Por isso, clamavam: "os vivos, os vivos são os que te adoram, como eu agora”.

O "para além da morte" nos apresenta um limite inacessível e incompreensível. Não temos condição para compreender o que possa ser uma existência após a morte, porque tanto as condições de espaço como de tempo nos fazem entrar na angústia do "sempre, sempre", "ilimitado, ilimitado".

A palavra de Deus os oferece outra senha para entender nossa existência de outra forma.

Os sete irmãos e sua mãe

Que comoção produz a leitura do martírio dos sete irmãos macabeos na presença de sua mãe! Eles não morreram simplesmente para cumprir algumas leis. Morreram por serem fiéis à Aliança com Deus! Morreram para não se divorciar de seu Deus! Para expressar-lhe desse modo seu amor fiel até a morte!

A fidelidade dos irmãos macabeos não teve data de caducidade. Um depois de outro entregaram sua vida ao Deus fiel, enquanto proclamavam também - de forma única! - a fidelidade de Deus com eles. Se Deus é fiel a quem está unido por uma aliança eterna, como nos abandonara após a morte? Os irmãos macabeos e sua mãe proclamam que o Deus fiel os ressuscitará; que aqui na terra se joga só o primeiro tempo; fica um segundo tempo, que é a grande possibilidade da VIDA!

O depoimento em favor da vida eterna não podia ser mais autêntico: os irmãos macabeos fazem de sua morte um testemunho de vida.

Os outros sete irmãos e o Deus dos vivos

Jesus, nosso Senhor, ratifica de forma admirável esta mesma fé: que Deus ressuscita seus filhos e filhas e lhes dá vida eterna! Os saduceos não acreditavam na ressurreição. Para eles a palavra inspirada por Deus era só os cinco livros do Pentateuco. E nesses livros, segundo seu parecer, não se dizia nada a respeito da vida após a morte. Para os saduceus tudo acaba nesta vida. Por isso, eram amigos do dinheiro, da política, do bem-estar aqui e agora. Discutiam a fé de Jesus na ressurreição. Até querem ridicularizá-lo propondo-lhe um caso - que recorda aos sete irmãos macabeos - sobre a lei do levirato e lhe perguntam de qual dos sete irmãos seria declarada esposa na nova vida, quem aqui na terra teve que ser de todos eles.

A resposta de Jesus aos saduceos é genial: No mesmo Pentateuco encontra-se o grande argumento em favor da ressurreição. Yahweh Deus apareceu a Moisés na zarza ardente como o Deus - não de personagens mortas e de cadáveres - senão de Abraão, de Isaac e de Jacó. É um Deus de vivos, não de mortos! E é o Deus que mantém sua Aliança após a morte; suas promessas de vida não são efêmeras.

Viver com o horizonte da Fidelidade de Deus

A fé na ressurreição faz que nos os crentes sintamos que nem todo o joga se joga nesta vida; que o amor apaixonado, que o amor de amizade, não tem data de caducidade - por que amor não passa nunca! -, que a paixão por Deus e de Deus por nós não será diluída pela morte.

Morrer não é para nós um limite insuperável, senão uma fronteira, um passo para o Mistério do Amor que nos espera, da Beleza que almejamos que nunca fomos capazes de imaginar, da Bondade mais intensa e íntima.

A confiança fez que tantos mártires entregassem sua vida e se pusessem loucamente nas mãos do Deus da justiça e do amor. Para nós, a beatificação de nossos mártires não tem um sentido político, de reivindicação de uma memória para que se faça justiça.... Não! Para nós a beatificação de nossos mártires quer dizer de mil formas, com a intensidade do drama que a cada uma delas e deles sofreram: cremos na ressurreição dos mortos!

A fé na ressurreição dos mortos é uma energia "extra" que nos permite arriscar muito, nos comprometer sem medo, não viver o tempo com ansiedade. Com esta energia "extra" podemos construir catedrais que acabarão de ser edificadas por nossos tataranetos, podemos iniciar projetos que outros concluirão. Temos a certeza que nosso Abbá nos dá um futuro. Por isso, não só confessamos "Creio na ressurreição dos mortos", mais também "Creio na comunhão dos Santos". A comunidade da ressurreição não está longe de nós. Anima-nos a entrega até ao último momento e morrer "sorrindo" deixando nas mãos de Quem nos ama, todo nosso afã e preocupações.
Pe. José Cristo Rey Garcia Paredes.
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“Seremos como os anjos” Rita Leite

Evangelho Lucas 20, 27-40

Os saduceus formavam um partido religioso e político que abrigava membros de famílias ricas e não aceitavam a crença na ressurreição. Usam passagens da escrituras para colocarem-se contra Jesus. Jesus os rebate dizendo que eles embora estejam citando trechos da escrituras, não as conhecem, pois se conhecessem saberiam que na vida eterna aqueles que forem julgados dignos de participar do mundo futuro e da ressurreição dos mortos, não terão tais preocupações, como o casamento ou bem material, pois serão iguais aos anjos. Nem a morte nem nada mais terão valor a não ser a eterna comunhão com o Deus da vida. Jesus mostra que Deus Pai é o Deus comprometido com a vida, que a vida eterna não será como uma copia desta vida aqui na terra.
O que Deus preparou para os seus é muito mais do que podemos imaginar. Jesus mostra a eles que o que vai contar para a vida eterna será as relações de amor esta sim vai permanecer para a eternidade. Na ressurreição o que realmente importa é que estaremos próximos de Deus.
Por tanto nosso modo de viver deve nos levar a construção de um mundo mais justo e fraterno, baseado na solidariedade e na fraternidade. Deus em sua imensa misericórdia nos libertará de tudo que nos causam tristeza. E na vida eterna unidos em comunhão com Deus não precisaremos nos preocupar com coisa alguma, Deus será tudo em todos. Nossa vida está escondida com Cristo em Deus. Quando Cristo se manifestar, ele que é a nossa vida, então nós também manifestaremos com ele na glória.
Em Cristo
Rita Leite
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Deus não é Deus dos mortos, mas dos vivos. - Padre Queiroz


Neste Evangelho, nós temos a cena dos saduceus apresentando a Jesus o caso da mulher de sete maridos, como um argumento contrário à ressurreição dos mortos.
Mas eles entendiam errado a ressurreição; pensavam que os que acreditam nela afirmam que no céu nós viveríamos igualzinho aqui na terra, isto é, teríamos de comer, de beber, de dormir, teríamos também o casamento...
Jesus explica que, após a nossa morte, o nosso corpo será glorificado; não morreremos, mais e seremos iguais aos anjos. Os homens não terão esposas nem as mulheres terão maridos.
Nós não sabemos em detalhes como será a nossa vida após a morte, e nem precisamos saber agora. Basta conhecermos o caminho para chegarmos ao Céu, que é Jesus e o seu Evangelho, presentes na Igreja, una, santa, católica e apostólica.
Quando participamos da Santa Missa, ou rezamos o terço, nós dizemos, na profissão de fé: "Creio na ressurreição da carne". O Prefácio da Missa dos mortos diz assim: "Com a morte, a vida não é tirada, mas transformada. Desfeito o nosso corpo mortal, nos é dado nos céus um corpo imperecível". Não será outro corpo, será este mesmo que temos, mas transformado, glorificado.
Jesus falava que ia ressuscitar (Cf Mc 8,31ss; 9,31ss), e sempre pregava que todos nós ressuscitaremos. Como é bom saber que a nossa vida é eterna, que tivemos um começo, mas não teremos fim! A fé na ressurreição nos dá forças para enfrentar as dificuldades, e até o risco de vida. Os homens podem matar o corpo, mas a alma, nunca.
Jesus ressuscitou algumas pessoas (Lázaro, o filho da viúva de Naim...) para nos mostrar que tem poder e conhecimento sobre a vida após a morte. Apesar de esses milagres terem sido completamente diferentes da ressurreição dele e nossa, pois Lázaro e o filho da viúva simplesmente retornaram à vida terrena e mortal. Mas os milagres valeram para provar o poder de Jesus sobre a morte e sobre o que acontece depois.
Jesus, com a sua ressurreição, derrotou a morte. Ela continua existindo, mas perdeu a sua força. "A morte foi tragada pela vida; onde está, ó morte, a tua vitória? Onde está, ó morte, o teu aguilhão?" (1Cor 15,54-55). Isso nos dá uma alegria e uma coragem invencíveis!
Deus não é Deus dos mortos, mas dos vivos. Toda a Bíblia apresenta Deus como Deus da vida, e que faz do homem e da mulher seus amigos, como fez com os três citados por Jesus: Abraão, Isac e Jacó. Se Deus fez aliança com eles, podia deixá-los desaparecerem para sempre? Nunca! Esse é o argumento de Jesus.
A ressurreição foi sendo revelada aos poucos. No começo, o Povo de Deus não conhecia essa verdade. Mas tinha uma vaga consciência dela, baseado justamente no argumento acima: Deus ama o ser humano, quer que ele ou ela viva e não desapareça, e pode fazer isso. Portanto o faz.
Por isso que exageravam a duração da vida dos justos, por exemplo, de Matusalém, que viveu 969 anos (Cf Gn 5,27). Jesus veio e revelou a verdade completa: Deus não só prolonga a vida humana, ele a tornou eterna. "Eu sou a ressurreição e a vida. Quem crê em mim viverá eternamente".
"Eu vim para que todos tenham vida, e a tenham em abundância." Uma vida em abundância não pode acabar logo. Na luta pela vida, nós descobrimos o rosto de Deus, pois ele é o Deus da vida, o Deus que quer vida, e vida plena para todos.
A ressurreição nossa é obra de Deus, fruto do seu poder. É ele que nos tomará e nos transformará. O mesmo Deus que um dia nos criou, nos recriará. A ciência não consegue entender nem explicar esse mistério. Ele é sobrenatural. O livro de Jó é um argumento a favor da ressurreição. Esse livro mostra que a ressurreição é um mistério, mas sem ela a vida seria um absurdo.
A nossa melhor atitude diante das realidades futuras é jogar-nos nas mãos de Deus, como fez Jesus, antes de morrer: "Pai, em tuas mãos entrego o meu espírito". Nós não sabemos como será, mas Deus, nosso bom Pai, sabe, e isso nos basta.
Como que é gratificante saber que vamos ressuscitar! Saber que Deus nos ama tanto, que nos criou eternos! Ele não quer separar-se de nós nunca. "Tu não me abandonarás no túmulo, e viverei à tua direita para sempre" (Sl 16).
Entretanto, a fé na ressurreição nos leva a sermos prudentes e vigilantes, pois não sabemos o dia nem a hora. "O que adianta a alguém ganhar o mundo inteiro, se perde a própria vida?" (Mt 16,26). "Não ajunteis para vós tesouros na terra" (Mt 6,19).
Certa vez, a muitos anos atrás, um operário e um cavaleiro se encontraram numa estação de trem. Os dois se apresentaram, conversaram e compraram as passagens na mesma cabine, porque aquele trem tinha cabines para duas pessoas. O trem chegou e eles embarcaram.
Na estação seguinte, entrou também um padre. Ao verem o padre passar no corredor, o cavaleiro comentou, com um ar de desprezo: "Para que serve um padre?" Como quem diz: O padre não serve para nada.
O operário não respondeu. Lá na frente, quando o trem atravessava uma grande floresta, o operário disse ao cavaleiro: "Estamos sós. Ninguém nos vê nem nos ouve. O que você faria se eu o estrangulasse agora, lhe tomasse todo o seu dinheiro e, aproveitando uma curva, pulasse esta janela?"
Pálido de medo, o cavaleiro respondeu: "Você se engana, eu não trago dinheiro comigo". "Mentira" retrucou o operário. "Você tem aí trinta mil Reais. Eu o vi pegar no banco."
"Você cometeria dois crimes: homicídio e roubo", disse o cavaleiro.
"Homicídio e roubo nada significam para quem não crê em Deus. Se eu pensasse como você, e não fizesse isso agora, eu seria um bobo. Mas você não tenha medo, porque eu fui educado por padres, e eles me ensinaram os dez mandamentos: não furtar, não matar etc. E me ensinaram que existe uma vida eterna após a morte, com o Céu para os bons e o inferno para os maus. Entendeu agora para que serve o padre?"
Certamente aquele cavaleiro até se esqueceu do cavalo!
A nossa vida não termina na morte, por isso vamos preparar-nos bem para o que vem depois!
A ressurreição é o prêmio de Deus aos justos. Maria Santíssima era tão santa que foi elevada por Deus ao céu em corpo e alma. Que ela nos ajude a vivermos de acordo com essa gratificante verdade da ressurreição.
Deus não é Deus dos mortos, mas dos vivos.

Padre Queiroz
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EU NÃO SOU UM DEUS DOS MORTOS

Deus não é Deus dos mortos, mas dos vivos”.
Por sermos mais ligados à nossa dimensão material nós confundimos os projetos de eternidade que Deus nos reserva e, por isso, deixamos de enxergar as coisas espirituais, nivelando a nossa vida depois da nossa morte com a que nós experimentamos na terra.
Jesus esclarece esse mistério quando nos revela que “quando os mortos ressuscitarem, os homens e as mulheres não se casarão, pois serão como os anjos do céu.” Portanto, espiritualmente, para nós será mais salutar que procuremos nos liberar do apego demasiado às pessoas, porque, realmente, somos propriedade de Deus Pai e, segundo a Sua misericórdia é Ele quem nos reserva o lugar no qual habitaremos eternamente.
O alcance do argumento de Jesus era bem mais amplo do que aquele contexto de ressurreição para os fariseus que acreditavam que a ressurreição fosse um prolongamento da vida presente, uma espécie de plenitude dos prazeres terrenos.
Para Jesus, quem morre entra na vida eterna, na contemplação da vida divina. O mundo futuro não consiste na continuação da vida atual do corpo, por isso não precisam de casamento. Jesus, porém, não esclarece que tipo de corpo teremos, mas apenas afirma que seremos iguais aos anjos, e faremos uma comunhão com Deus, ou seja, viveremos a vida do próprio Deus. O mistério da ressurreição foi explicitado por Jesus, sobretudo com sua própria Ressurreição. A partir da Páscoa, os Apóstolos passaram a chamar-se “testemunhas da Ressurreição e dela fizeram o centro de toda a pregação e o fundamento da fé cristã.
Jesus conquistou para nós a ressurreição e, sabemos em quem colocamos a nossa fé. Todo o fundamento do cristão está na ressurreição de Jesus e Nele esperamos também ressuscitar. Se a ressurreição consiste em estar sempre com o Senhor, o viver neste mundo exclusivamente para o Senhor e com o Senhor já tem o gosto da eternidade.
A certeza da Ressurreição não deve ser, apenas, uma realidade que esperamos; mas deve ser uma realidade que influencia, desde já, a nossa existência terrena. É o horizonte da Ressurreição que deve influenciar as nossas atitudes; é a certeza da ressurreição que nos dá a coragem de enfrentar as forças da morte que dominam o mundo, do ter, do ser, do poder indiscriminado,de forma a que o novo céu e a nova terra que nos esperam comecem a desenhar-se desde já.
Por isso, somos mais que vencedores do mundo: Deus não é Deus dos mortos, mas dos vivos”. Hoje, somos matéria e espírito, um dia seremos como os anjos do céu, não teremos mais apego a ninguém, seremos só de Cristo e viveremos em perfeita harmonia com o Pai e com todos os nossos queridos.
Demos graças a Deus pelo dom da vida e a garantia da ressurreição em Cristo Jesus! Meu irmão , minha irmã, reflitamos: O que as palavras de Jesus causam em você, preocupação ou esperança?Você acredita que um dia ressuscitará e vivera no céu com os anjos e os santos?
Viemos de Deus da Vida, e com a morte, voltamos para ele. A Morte é o encontro maravilhoso com os amigos e parentes, na visão beatífica do pai. Para este encontro queremos nos preparar na companhia do nosso melhor amigo, Jesus, o Caminho, a Verdade e a Vida.

Helena Serpa
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Ele não é Deus de mortos, mas de vivos!

Evangelho - Mc 12,18-27

Os saduceus pensaram que conseguiriam colocar Jesus em um beco sem saída ao apresentar-lhe a questão daquela mulher que teve sete maridos, com relação a ressurreição.
Na ressurreição, quando eles ressuscitarem, de quem será ela mulher?
Por que os sete se casaram com ela!” 

Jesus, sabendo que aqueles judeus não acreditavam na ressurreição e queriam colocá-lo em uma situação difícil. Então Jesus ao responder a maliciosa pergunta, além de dizer que eles estavam enganados, afirma que os mesmos desconhecem as escrituras e não confiam no poder de Deus.
Continuando, Jesus reafirma a veracidade da ressurreição, ao afirmar que O Pai não um Deus dos mortos, mas sim dos vivos.
Hoje também vez por outra encontramos alguém que nos questionam, sobre certas verdades da Bíblia, sobre dogmas da Igreja, sobe a virgindade de Maria, etc Na verdade , essas pessoas não estão querendo saber nada, ou mesmo esclarecer alguma dúvida, mas sim nos colocar em uma situação difícil sem saída. Mal sabem eles que somos guiados e iluminados pelo Espírito Santo. Todas as vezes em que me vi em situação semelhante, elevei o pensamento aos céus, ao Espírito de Verdade e nosso defensor, e a resposta me veio na hora.Vejam que na vida real, eu não sou sempre assim. Sou de efeito retardado.Diante de uma agressão verbal de alguém, eu sempre fico calmo, não dou resposta na hora. Porém, depois de algum tempo, eu rapo o fundo do pote e parto para cima do adversário mostrando a ele o por das coisas, colocando-o no seu devido lugar.
Quer saber? Na verdade religião não se discute. Porque nenhuma das partes conflitantes irá arredar o pé de suas convicções. Então, o melhor a fazer é conviver com os irmãos de outras religiões no maior respeito mútuo possível, lembrando sempre que quem vai um dia dizer quem é quem, quem esteve o tempo todo no caminho certo, é Jesus.
Para concluir, vejamos a reflexão da CNBB.
Tem gente que sente o maior prazer em discutir religião. Essas discussões, na verdade, não significam a busca de uma melhor compreensão da fé com a finalidade de possibilitar uma resposta de qualidade aos apelativos dos valores evangélicos, mas na maioria das vezes se constituem numa discussão sobre posições unilaterais e não negociáveis, muitas vezes posições pessoais, que só servem para aprofundar diferenças e criar divisões e em nada contribuem para que todos possam chegar à verdade, muito menos para viver segundo ela. (CNBB).
Sal.
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Ele não é Deus de mortos, mas de vivos!


Como no evangelho de ontem, Jesus se vê enfrentando um grupo judaico que trata de desacreditar seus ensinamentos. Os saduceus que não crêem na ressurreição colocam Jesus em uma situação difícil. Os judeus estavam obrigados pela lei a tomar como esposa a mulher de seu irmão quando este falecia sem deixar descendência. Usando esta norma, os saduceus fazem uma pergunta mal intencionada a Jesus. Novamente ele ensina e ao mesmo tempo transmite uma boa nova.

Por uma parte afirma que “Deus não é um Deus dos mortos”, e por outro que a nova vida não é continuar atado às leis humanas. Os saduceus estão equivocados por não entender as escrituras, talvez não tivessem disposição para descobrir nela a mensagem de Deus. É um risco que também nós corremos: continuar com nossos preconceitos e paradigmas e não deixarmos nos iluminar pela escritura.

Os saduceus tampouco conhecem o poder de Deus, quantas vezes nós só confiamos em nossas forças, conhecimento e instinto, que nas promessas e no poder de Deus? Se confiamos e trabalhamos por fazer transformar em vida as promessas de Deus, podemos desde já começar a viver de nossa própria ressurreição.
Serviço Bíblico
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Deus é Deus dos vivos - Padre Queiroz

'A felicidade é um bem que se multiplica ao ser dividido." (Marxwell Maltz)
Deus é Deus dos vivos
Deus não é Deus dos mortos, mas dos vivos
Neste Evangelho, nós temos a cena dos saduceus apresentando a Jesus o caso da mulher de sete maridos, como um argumento contrário à ressurreição dos mortos.
Mas eles entendiam errado a ressurreição; pensavam que os que acreditam nela afirmam que no céu nós viveríamos igualzinho aqui na terra, isto é, teríamos de comer, de beber, de dormir, teríamos também o casamento...
Jesus explica que, após a nossa morte, o nosso corpo será glorificado; não morreremos, mais e seremos iguais aos anjos. Os homens não terão esposas nem as mulheres terão maridos.
Nós não sabemos em detalhes como será a nossa vida após a morte, e nem precisamos saber agora. Basta conhecermos o caminho para chegarmos ao Céu, que é Jesus e o seu Evangelho, presentes na Igreja, una, santa, católica e apostólica.
Quando participamos da Santa Missa, ou rezamos o terço, nós dizemos, na profissão de fé: “Creio na ressurreição da carne”. O Prefácio da Missa dos mortos diz assim: “Com a morte, a vida não é tirada, mas transformada. Desfeito o nosso corpo mortal, nos é dado nos céus um corpo imperecível”. Não será outro corpo, será este mesmo que temos, mas transformado, glorificado.
Jesus falava que ia ressuscitar (Cf Mc 8,31ss; 9,31ss), e sempre pregava que todos nós ressuscitaremos. Como é bom saber que a nossa vida é eterna, que tivemos um começo, mas não teremos fim! A fé na ressurreição nos dá forças para enfrentar as dificuldades, e até o risco de vida. Os homens podem matar o corpo, mas a alma, nunca.
Jesus ressuscitou algumas pessoas (Lázaro, o filho da viúva de Naim...) para nos mostrar que tem poder e conhecimento sobre a vida após a morte. Apesar de esses milagres terem sido completamente diferentes da ressurreição dele e nossa, pois Lázaro e o filho da viúva simplesmente retornaram à vida terrena e mortal. Mas os milagres valeram para provar o poder de Jesus sobre a morte e sobre o que acontece depois.
Jesus, com a sua ressurreição, derrotou a morte. Ela continua existindo, mas perdeu a sua força. “A morte foi tragada pela vida; onde está, ó morte, a tua vitória? Onde está, ó morte, o teu aguilhão?” (1Cor 15,54-55). Isso nos dá uma alegria e uma coragem invencíveis!
Deus não é Deus dos mortos, mas dos vivos. Toda a Bíblia apresenta Deus como Deus da vida, e que faz do homem e da mulher seus amigos, como fez com os três citados por Jesus: Abraão, Isac e Jacó. Se Deus fez aliança com eles, podia deixá-los desaparecerem para sempre? Nunca! Esse é o argumento de Jesus.
A ressurreição foi sendo revelada aos poucos. No começo, o Povo de Deus não conhecia essa verdade. Mas tinha uma vaga consciência dela, baseado justamente no argumento acima: Deus ama o ser humano, quer que ele ou ela viva e não desapareça, e pode fazer isso. Portanto o faz.
Por isso que exageravam a duração da vida dos justos, por exemplo, de Matusalém, que viveu 969 anos (Cf Gn 5,27). Jesus veio e revelou a verdade completa: Deus não só prolonga a vida humana, ele a tornou eterna. “Eu sou a ressurreição e a vida. Quem crê em mim viverá eternamente”.
“Eu vim para que todos tenham vida, e a tenham em abundância.” Uma vida em abundância não pode acabar logo. Na luta pela vida, nós descobrimos o rosto de Deus, pois ele é o Deus da vida, o Deus que quer vida, e vida plena para todos.
A ressurreição nossa é obra de Deus, fruto do seu poder. É ele que nos tomará e nos transformará. O mesmo Deus que um dia nos criou, nos recriará. A ciência não consegue entender nem explicar esse mistério. Ele é sobrenatural. O livro de Jó é um argumento a favor da ressurreição. Esse livro mostra que a ressurreição é um mistério, mas sem ela a vida seria um absurdo.
A nossa melhor atitude diante das realidades futuras é jogar-nos nas mãos de Deus, como fez Jesus, antes de morrer: “Pai, em tuas mãos entrego o meu espírito”. Nós não sabemos como será, mas Deus, nosso bom Pai, sabe, e isso nos basta.
Como que é gratificante saber que vamos ressuscitar! Saber que Deus nos ama tanto, que nos criou eternos! Ele não quer separar-se de nós nunca. “Tu não me abandonarás no túmulo, e viverei à tua direita para sempre” (Sl 16).
Entretanto, a fé na ressurreição nos leva a sermos prudentes e vigilantes, pois não sabemos o dia nem a hora. "O que adianta a alguém ganhar o mundo inteiro, se perde a própria vida?" (Mt 16,26). “Não ajunteis para vós tesouros na terra” (Mt 6,19).
Certa vez, a muitos anos atrás, um operário e um cavaleiro se encontraram numa estação de trem. Os dois se apresentaram, conversaram e compraram as passagens na mesma cabine, porque aquele trem tinha cabines para duas pessoas. O trem chegou e eles embarcaram.
Na estação seguinte, entrou também um padre. Ao verem o padre passar no corredor, o cavaleiro comentou, com um ar de desprezo: “Para que serve um padre?” Como quem diz: O padre não serve para nada.
O operário não respondeu. Lá na frente, quando o trem atravessava uma grande floresta, o operário disse ao cavaleiro: “Estamos sós. Ninguém nos vê nem nos ouve. O que você faria se eu o estrangulasse agora, lhe tomasse todo o seu dinheiro e, aproveitando uma curva, pulasse esta janela?”
Pálido de medo, o cavaleiro respondeu: “Você se engana, eu não trago dinheiro comigo”. “Mentira” retrucou o operário. “Você tem aí trinta mil Reais. Eu o vi pegar no banco.”
“Você cometeria dois crimes: homicídio e roubo”, disse o cavaleiro.
“Homicídio e roubo nada significam para quem não crê em Deus. Se eu pensasse como você, e não fizesse isso agora, eu seria um bobo. Mas você não tenha medo, porque eu fui educado por padres, e eles me ensinaram os dez mandamentos: não furtar, não matar etc. E me ensinaram que existe uma vida eterna após a morte, com o Céu para os bons e o inferno para os maus. Entendeu agora para que serve o padre?”
Certamente aquele cavaleiro até se esqueceu do cavalo!
A nossa vida não termina na morte, por isso vamos preparar-nos bem para o que vem depois!
A ressurreição é o prêmio de Deus aos justos. Maria Santíssima era tão santa que foi elevada por Deus ao céu em corpo e alma. Que ela nos ajude a vivermos de acordo com essa gratificante verdade da ressurreição.
Deus não é Deus dos mortos, mas dos vivos.
Padre Queiroz
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A Ressurreição da Carne
        Neste domingo, o tema principal é a Ressurreição da carne. Preste atenção na oração do Credo, da nossa Igreja Católica, e veja que nós afirmamos que acreditamos nessa ressurreição e, muitos de nós nem entendemos o que isso significa. Como você pode dizer que acredita em algo se você não tem idéia do que isso significa? Vamos refletir sobre esse assunto hoje... Espero que, ao final, você entenda e possa dizer, com propriedade, que acredita na ressurreição.
        O que acontece após a morte sempre foi um grande mistério na história da humanidade. Os antigos filósofos gregos, por exemplo, acreditavam que após a morte, o espírito voltava, só que em um animal. Os budistas orientais acreditam que, após a morte, o espírito volta para o corpo de outra pessoa que acabou de nascer. Isso se chama reencarnação e é um conceito que é acreditado por outras religiões, inclusive o espiritismo, muito presente no nosso país. Alguns filmes de Hollywood e até algumas novelas brasileiras contam estórias seguindo essas idéias... Outras pessoas, ainda, acreditam que após a morte não existe mais nada.
        É importante saber pelo menos esse básico, para entender as diferenças da grande novidade que Jesus veio trazer, sobre o que acontece após a morte.
        Ressurreição é o retorno da nossa alma ao corpo glorioso que Deus nos dará no último dia. Assim diz o Catecismo da Igreja Católica, resumidamente: na morte, nossa alma se separa do nosso corpo, e vai para junto de Deus. Enquanto nossa carne cai na corrupção, ou seja, ela se decompõe. No último dia, Deus nos dará um "corpo glorioso", que está fora do nosso entendimento, e que não irá mais se decompor. Então a nossa alma se unirá a esse corpo glorioso para sempre. Essa é a Ressurreição da carne, que nós rezamos na oração do Credo, todos os domingos, na missa.
        Acontece que, na época de Jesus, existia uma classe de judeus que acreditava e seguia o Antigo Testamento da Bíblia (que era o único que existia naquela época), mas não acreditava na Ressurreição da carne. Eles eram os saduceus. Esses homens queriam colocar uma situação APARENTEMENTE sem solução para Jesus explicar, baseado na Ressurreição. Uma mulher casou com um homem que tinha 6 irmãos. O marido morreu sem deixar filhos, então a lei de Moisés dizia que o próximo irmão deveria casar com ela para preservar a descendência para o seu irmão. E assim, os sete se casaram com ela e não deixaram filho, e por último, morreu a mulher. Qual dos sete irmãos ficará com essa mulher, após a ressurreição?
        Jesus nos diz algo que só quem tem pleno conhecimento da grande obra de Deus poderia saber: após a ressurreição, ninguém mais vai precisar se casar, pois todos serão como anjos de Deus. Todos nós faremos parte do corpo glorioso de Deus, o qual está fora do nosso entendimento. É por isso que, no sacramento do casamento, que celebramos aqui neste mundo, dizemos: "...até que a morte nos separe". Após a ressurreição dos mortos, todos nós estaremos novamente unidos, então não precisará mais de casamento.
        Para concluir, Jesus diz que o nosso Deus não é Deus dos mortos, mas dos vivos, pois todos nós vivemos para Ele. Isso significa que, mesmo após nossa morte, existe uma vida, e uma vida que será muito melhor do que essa que estamos agora. Por isso, não precisamos temer... afinal, Jesus não mente.

Jailson Ferreira
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Estamos já próximos do final do Ano Litúrgico. De hoje a 15 dias, estaremos celebrando a Solenidade de Cristo-Rei, que marca o final do ano da Igreja. Pois bem, a Liturgia vai nos educando, irmãos amados, fazendo-nos pensar no fim de nossa vida – fim que nos obriga a nos perguntar pelo sentido da nossa existência e pelo que estamos fazendo dela. Neste sentido, tivemos a Solenidade de Todos os Santos e a Comemoração dos Fiéis Defuntos... E hoje a Liturgia fala-nos da ressurreição.
O Evangelho nos apresenta uma disputa entre Jesus e os saduceus, que não acreditavam na ressurreição. O Senhor confirma: há, sim ressurreição! Os mortos ressurgirão, mas de um modo que nós não podemos descrever nem imaginar: “Os que forem julgados dignos da ressurreição dos mortos e da vida futura, nem eles se casam nem elas dão em casamento; e já não poderão morrer, pois serão iguais aos anjos, serão filhos de Deus, porque ressuscitaram”. Em outras palavras: estaremos em tal comunhão com o Deus da vida, em tal proximidade dele – como os anjos – que, a morte nunca mais nos poderá atingir: nem a morte física, nem a morte da dor, nem a morte da tristeza, do medo, da saudade, nem a morte do pecado! Como diz o Salmista: “Eu verei, justificado, a vossa face e ao despertar me saciará vossa presença!”
Caríssimos, quando a Escritura fala em ressurreição, não está pensando simplesmente em voltarmos a esta nossa vida, deste nosso modo atual, somente que habitando no céu... De modo algum! Nós seremos glorificados em corpo e alma! Ressuscitar é receber em todo o nosso ser a vida de Deus, que Cristo, o primogênito dentre os mortos, nos conquistou e já derramou em nós no batismo. Semente dessa vida é o Espírito Santo vivificador – o mesmo em quem o Pai ressuscitou o Filho Jesus! É Jesus quem nos ressuscita, ele que disse a Marta: “Eu sou a Ressurreição!” (Jo 11,25) É somente nele e por causa dele que esperamos vencer a morte! Na primeira leitura deste Domingo escutamos, impressionados, o testemunho dos sete irmãos, filho de uma corajosa mãe viúva, que incentiva seus filhos a entregarem a vida por amor da Lei de Deus. Donde lhes vinha tanta coragem? Donde, tanta disponibilidade para serem fiéis até o fim? Da certeza de que ressuscitariam: “Prefiro ser morto pelos homens tendo em vista a esperança dada por Deus, que um dia nos ressuscitará!” – disse um deles. E o outro, pensando na ressurreição da carne, afirmou sem medo: “Do céu recebi estes membros; por causa de suas leis os desprezo, pois do Céu espero recebê-los de novo!” Vede, meus caros, o quanto a certeza da vida eterna muda nosso modo de enfrentar os revezes da vida. A este propósito, poderíamos perguntar: Tanta frouxidão na nossa fé, tanto relaxamento nos nossos costumes, tão pouca seriedade na prática da religião, tanta condescendência com os vícios, a comodidade e a tibieza, não seriam causados por uma fraca e sem convicção fé na ressurreição, na vida eterna?
E, no entanto, a nossa esperança é firme: fomos criador para Deus, para Deus estamos a caminho... Um dia morreremos, terminará nosso caminho neste mundo tão incerto. E, imediatamente após a morte, em nossas almas, estaremos diante do Cristo, nossa Salvador e Juiz. Se tivermos sido abertos ao seu Espírito Santo, se lhe tivermos sido realmente fiéis, ele, nosso Senhor, no seu abraço eterno, glorificará do seu Espírito Santo a nossa alma e, então, estaremos para sempre com o Senhor, onde ninguém mais vai sofrer, ninguém mais chorar, ninguém vai ter saudade, ninguém mais vai ficar triste. No final dos tempos, quando Cristo nossa vida, glorificar todo o universo, também nossos pobres corpos ressuscitarão, pela força e ação do mesmo Espírito Santo vivificador, que o Senhor tem em plenitude. Assim, em todo o nosso ser, corpo e alma, estaremos para sempre com o Senhor! Eis por que somos cristãos, eis por que temos esperança! Eis por que queremos viver com retidão, sobriedade, abertura de coração para os irmãos e santo temor em relação a Deus. É o que exprime São Paulo na segunda leitura: “Nosso Senhor Jesus Cristo e Deus nosso Pai, que nos amou em sua graça e nos proporcionou uma consolação eterna e feliz esperança, animem os vossos corações e vos confirmem em toda boa ação e palavra. O Senhor dirija os vossos corações ao amor de Deus e à firme esperança em Cristo!”
Caríssimos, em Cristo, se fomos criados para Deus, para a comunhão com ele no céu, tenhamos, no entanto, o cuidado de não o perdermos para sempre no inferno. O inferno existe, é real e pode ser nossa miserável herança! Pode dar-se que, logo após a minha morte, não exista nenhum comunhão com o Cristo que é Vida, mas somente o “Apartai-vos de mim, malditos! Não vos conheço!” E nossa alma caia na eterna tristeza, na depressão sem fim, que devora, como verme e queima como fogo! Não aconteça que, no fim dos tempos, também nosso corpo tenha de padecer também este triste destino!
Eis, amados em Cristo, que o Senhor nos adverte! Procuremos, pois, viver de tal modo, que possamos ser considerados dignos de viver para sempre com ele. Para isso, pautemos nossa vida pelo amor e obediência ao Senhor. Assim poderemos dizer como o Salmista, tendo os olhos fixos em Cristo nosso Deus e nossa vida: “Os meus passos eu firmei na vossa estrada,/ e por isso os meus pés não vacilaram./ Eu vos chamo, ó meu Deus, porque me ouvis,/ inclinai o vosso ouvido e escutai-me!/ Protegei-me qual dos olhos a pupila/ e guardei-me, à proteção de vossas asas./ Mas eu verei justificado a vossa face/ e ao despertar me saciará vossa presença!” Que o Senhor que tudo pode confirme a nossa esperança.
dom Henrique Soares da Costa
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O Deus dos vivos e não dos mortos
A fé na ressurreição é algo recente para o mundo antigo e não foi aceita por todos. Acreditar na ressurreição era um escândalo no mundo pagão. Jesus explica o fato da ressurreição a partir do próprio Deus. Os patriarcas devem estar vivos de alguma maneira, pois com eles sempre esteve o Deus da vida. Contra quaisquer objeções grosseiras por parte dos descrentes, a fé na ressurreição dá ânimo para o enfrentamento do martírio, pois ressuscitar é chegar ao pleno desenvolvimento da vocação humana. A ressurreição significa que todas as dimensões da vida serão transfiguradas à maneira do Cristo ressuscitado. O fundamento da fé na ressurreição é a fidelidade divina. Porque Deus é fiel ele não permitirá que a morte tenha a última palavra. Dessa forma, a fé na ressurreição é a motivação para a fidelidade humana diante das piores torturas ou da morte. Deus nos guardará e confirmará nossa fé na vinda de Cristo.
Evangelho (Lc. 20,27-38)
Não mais poderão morrer
O texto de hoje nos oferece uma rica reflexão sobre a ressurreição dos mortos, tema ainda pouco compreendido também nos dias de hoje. Muitos cristãos hodiernos pensam como os saduceus, pois não entendem o que seja ressurreição. Por isso, a pergunta feita a Jesus retrata não apenas a descrença dos saduceus daquela época, mas faz eco ao que muitos cristãos pensam hoje.
Os saduceus aceitavam apenas os livros da Torah (Pentateuco) como Palavra de Deus. E a fé em uma ressurreição pessoal não surgiu até quando foi escrito o livro de Daniel (cf. Dn. 12,2), portanto, não se encontra na Torah. A pergunta que fizeram a Jesus tomou por base uma norma da Torah, a lei do levirato (Gn. 38,8; Dt. 25,5-10). Segundo essa lei, um homem teria que casar com a cunhada viúva (caso o irmão falecido não tivesse deixado um filho  homem para herdar seus bens), dessa forma se garantia que o falecido teria uma descendência e que suas propriedades permaneceriam na família. Nesse caso, se sete irmãos sucessivamente tivessem se casado com a mesma mulher, qual deles seria o marido legítimo quando todos ressuscitassem?
A intenção dessa pergunta é ridicularizar a fé na ressurreição, mostrando que é algo incompatível com o mandamento do levirato e, portanto, contra a Torah. Então, a fé na ressurreição seria um absurdo. A resposta de Jesus rejeita o princípio sobre o qual se fundamenta a narrativa proposta pelos saduceus, segundo o qual a ressurreição seria apenas uma projeção e um prolongamento da vida terrestre. Jesus mostra que a lei do levirato tinha por objetivo apenas garantir a conservação da vida terrena, mas em nada se referia à vida após a morte.
Jesus responde aos saduceus a partir do texto de Ex. 3,6, esclarecendo que a ressurreição está implícita na Torah. Jesus faz uma distinção entre o mundo presente e o mundo vindouro, para sublinhar a diferença radical do futuro que Deus prepara para os justos. Estes participam da vida de Deus, estão em profunda comunhão com ele, não mais submetidos à ameaça da morte. São semelhantes aos anjos, ou seja, na ressurreição a procriação não é mais necessária para a preservação da vida. Portanto, o corpo ressuscitado deve ser diferente do corpo terreno.
Ao referir-se à autoridade de Moisés, Jesus afirma de maneira inequívoca o fundamento da fé no Deus vivo e verdadeiro, o qual mantém uma relação de comunhão com os fiéis no pós-morte.
A Escritura não pretende explicar como será a vida eterna, mas reafirmar o aspecto fundamental da fé cristã de que a vida não acaba com a morte, ela permanece de outra forma, plenificada, transformada. Na ressurreição se realiza a finalidade do ser humano, viver junto a Deus, numa vida sem fim, numa comunhão incondicional e infinita.
1ª leitura (2Mc. 7,1-2.9-14)
O Rei do Universo nos ressuscitará
O texto mostra, primeiramente, que os justos preferem morrer a pecar (7,2), perder a vida a negar a fé. No tempo da grande perseguição religiosa retratada pelo texto do segundo livro dos Macabeus, as pessoas que, naquela época, eram consideradas as mais fracas foram as primeiras a oferecer a resistência da fé contra a intolerância religiosa.
Esse trecho de 2Mc. expõe os elementos principais de uma teologia do martírio e da ressurreição dos justos: (1) é necessário, antes, estar disposto a morrer que pecar (v. 2); (2) Deus tem misericórdia de quem é fiel a ele (v. 6); (3) Deus nos deu a vida e, por amor a ele, devemos estar dispostos a perdê-la (v. 11); (4) se morremos por causa da fé, seremos ressuscitados para uma vida eterna (v. 7.9).
Isso significa que sem uma fé na ressurreição não há como enfrentar o martírio. A confiança daqueles jovens estava depositada unicamente na fidelidade do Deus da vida (7,7-9) o qual não abandonará na morte aqueles que preferiram morrer a negar a fé.
2ª leitura (2Ts. 2,16 – 3,5)
O Senhor é fiel
O autor da carta ora a Jesus Cristo e a Deus Pai, pedindo-lhes que os destinatários tenham uma fé firme enquanto vivem em um mundo descrente. A hostilidade dos adversários (3,2) aponta para o fato de que muitas pessoas não apenas rejeitam a fé, mas também tentam impedir a propagação do evangelho.
Apesar disso, os tessalonicenses devem seguir adiante sem se deixar intimidar pelas dificuldades (v. 3-5), pois o Senhor sempre estará com eles e guiará seus corações para o amor de Deus e para a esperança perseverante de Cristo (v. 5). Isso significa que os tessalonicenses devem imitar a perseverança que Cristo demonstrou durante os sofrimentos pelos quais passou. Apesar dos ambientes hostis, os tessalonicenses devem ser pacientes e perseverantes até a vinda de Cristo.
Pistas para reflexão
Os textos de hoje refletem sobre o tema central da fé cristã, a ressurreição. Contudo, é importante deixar claro que ressurreição não é a mesma coisa que reanimação de um cadáver, como pensavam os saduceus. Ressurreição é transformação da vida humana em outra realidade para além do tempo e da história. Por ser uma realidade meta-histórica, não há categorias históricas que possam explicitar essa experiência, a não ser metaforicamente. Uma imagem boa para se pensar a ressurreição é a metáfora da borboleta. Uma lagarta entra no casulo e, depois de um tempo, transforma-se em borboleta. A antiga lagarta passará a viver uma vida nova numa nova roupagem, já não estará mais presa ao chão.
A ressurreição é vida plena em Deus. É a realização da intenção divina ao criar o ser humano para estar com ele no Éden. Durante a caminhada histórica, o ser humano aprende a cultivar o jardim de sua existência em meio a dificuldades, perseguições e aridez. Mas o desejo de estar no jardim de Deus e a certeza de que ele está empenhado para realizar esse anseio fundamental da humanidade confortam o ser humano nessa busca de comunhão, fazendo-o perseverar mesmo em tempos de perseguição, pois sabe que a morte é a passagem deste mundo para uma realidade nova, onde Deus será tudo em todos.
Aíla Luzia Pinheiro Andrade

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A esperança da vida eterna
Para saborear a liturgia de hoje, será bom levar o povo, com arte narrativa, a deslocar-se uns vinte séculos para trás e tornar-se contemporâneo das discussões religiosas do tempo de Jesus. Como ainda muitos de nossos contemporâneos, os antigos judeus acreditavam que a virtude era recompensada pelo bem-estar: paz na terra que receberam de seus pais, longa vida e muitos filhos (esta última recompensa é menos apreciada hoje) (cf. Dt. 4,40; 6,1-3 etc.). Porém, as crises nacionais fizeram suspeitar que o sentido da vida era outro. Na perseguição do século 11 a.c. (guerra dos macabeus) morreram muitos jovens virtuosos, sem ter possuído a terra, nem desfrutado uma longa vida, nem suscitado prole. Onde estava a recompensa? Foi se firmando a fé numa pós vida, já entrevista por alguns profetas e salmistas. Essa pós vida era concebida como ressurreição do homem todo; o judaísmo não imaginava uma pós-existência da alma separada (seria uma existência diminuída). Alguns acreditavam numa ressurreição dos justos, enquanto os ímpios seriam para sempre esquecidos. Parece ser a fé dos mártires macabeus, relatada pela 1ª leitura de hoje. Já o contemporâneo livro de Dn acha que a ressurreição será geral: a dos justos, para a vida; a dos ímpios, para a condenação (Dn. 12,2, opinião assumida pelo N.T., p.ex., Jo 5,29; Mt. 25,31-46). De toda maneira, esta fé deu uma força admirável ao povo perseguido, para resistir esperançoso às tentativas de seus perseguidores e colocar, com fidelidade irrepreensível, o nome de Deus acima de toda ambição dos poderes deste mundo.
Jesus ensinava a ressurreição dos mortos, concordando com os fariseus, que, neste ponto, representavam uma reforma dentro do judaísmo. Não partilhavam esta fé os saduceus, aristocracia sacerdotal, preocupada com a manutenção de seus privilégios e, por isso, oposta a qualquer inovação. Admitiam como Lei só os cinco livros de Moisés. Insidiosamente, expõem a Jesus um “caso” (evangelho); já que os livros de Moisés prescrevem que, quando um homem morre sem deixar prole, seu irmão deve tomar sua mulher para suscitar prole para o falecido (Dt 25,5-10), de quem seria, na ressurreição, a mulher que foi casada por sete irmãos sucessivamente, tendo todos morri do sem filhos? Querem dizer: a fé na ressurreição é um absurdo, uma invenção contrária à genuína Lei de Moisés. A resposta de Jesus é dupla:
1) Eles têm um conceito errôneo da ressurreição (e muita gente entre nós também), pois a ressurreição não é uma repetição desta vida aqui (então ela seria um absurdo mesmo), mas uma realidade nova, não regida pelas leis biológicas e psíquicas agora vigentes (comer, casar etc.): é uma realidade espiritual, da categoria da vida divina (“como os anjos”; cf. 1Cor. 15,35-53: a “carne” da ressurreição não é mais “carnal”, mas “espiritual”, divinizada).
2) Eles não conhecem a Escritura, pois esta diz que os mortos não louvam Deus; ora, se Deus se chama – e bem no “livro de Moisés” (Ex. 3,6) – o “Deus de Abraão, de Isaac e de Jacó”, ele revela que os veneráveis patriarcas vivem, pois ele não quer ser um Deus de mortos! (cf. a maneira de indicar o céu como “seio de Abraão”: Lc. 16,23).
Aprendamos disso que Deus quer ser louvado por seres vivos: ele quer nosso amor para sempre; por isso, os que o amam estarão sempre na sua presença. Mais: nossa vida verdadeira é a realização deste amor que “realiza” Deus; já agora, é a vida eterna em nós (cf. Jo 5,24). Por isso, não podemos tomar a realidade material como última meta (cf. 1Cor. 15,19), nem podemos reduzir o evangelho a uma alavanca para a transformação das estruturas materiais, embora seja necessário encarnar o amor de Deus em tal transformação (pois o homem ama com todo seu ser, também com sua organização material e social). E aprendamos sobretudo a testemunhar o evangelho apesar de todos os perigos, pois o sentido de nossa vida ultrapassa longe a precariedade do nosso existir terreno.
Johan Konings "Liturgia dominical"
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Deus é surpreendente
Agora, é a vez dos saduceus. Eles não são propriamente um grupo religioso, mas uma espécie de aristocracia ligada ao Templo de Jerusalém. Eles não acreditam na ressurreição dos mortos (cf. v. 27; At. 23,8), ao contrário dos fariseus. Considerando o modo como eles apresentam o caso, a ressurreição na concepção deles é uma espécie de prolongamento ou repetição da vida presente. O caso apresentado por eles é absurdo e, provavelmente, com o intuito de ridicularizar a fé na ressurreição (vv. 19-23). Para isso, recorrem à lei do levirato (= cunhado): “Se dois irmãos viverem juntos e um deles morrer sem filhos, a viúva não sairá de casa para casar-se com um estrangeiro; seu cunhado se casará com ela e cumprirá com ela os deveres legais de cunhado; o primogênito que nascer continuará o nome do irmão morto, e assim não se apagará o nome dele em Israel” (Dt 25,5-6). Na resposta, Jesus revela a ignorância deles: interpretam mal a Escritura e desconhecem o poder de Deus, supondo que a morte anularia o poder de Deus. Eles pensavam, como dissemos, que a ressurreição fosse continuidade da vida terrena. Engano! Deus é surpreendente. É preciso se abrir à novidade de Deus e nele esperar: os que forem julgados dignos de participar do mundo futuro e da ressurreição dos mortos não se casam; e já não poderão morrer” (vv. 35-36). Pensaram poder falar da ressurreição prescindindo de Deus. Ora, sem a relação ao Deus dos vivos, a própria Escritura é letra morta. Jesus faz remontar a Moisés a crença na ressurreição: “Que os mortos ressuscitam, também foi mostrado por Moisés, na passagem da sarça ardente, quando chama o Senhor de ‘Deus de Abraão, Deus de Isaac e Deus de Jacó’” (v. 37).
A ressurreição não pode ser pensada como pura e simples continuidade de nossa vida terrestre. Há uma ruptura com nossa vida neste mundo: “Neste mundo, homens e mulheres casam-se”, mas no mundo futuro e na ressurreição não se casam (v. 34.35). Os ressuscitados têm um ponto em comum com os anjos: eles não podem mais morrer; logo, não necessitam de descendência. Deus é o Deus dos vivos (cf. v. 38): “Ninguém de nós vive e ninguém de nós morre para si mesmo, porque se vivemos é para o Senhor que vivemos, e se morremos é para o Senhor que morremos” (Rm. 14,7-8).
Carlos Alberto Contieri,sj

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A liturgia deste domingo propõe-nos uma reflexão sobre os horizontes últimos do homem e garante-nos a vida que não acaba.
Na primeira leitura, temos o testemunho de sete irmãos que deram a vida pela sua fé, durante a perseguição movida contra os judeus por Antíoco IV Epifanes. Aquilo que motivou os sete irmãos mártires, que lhes deu força para enfrentar a tortura e a morte foi, precisamente, a certeza de que Deus reserva a vida eterna àqueles que, neste mundo, percorrem, com fidelidade, os seus caminhos.
No Evangelho, Jesus garante que a ressurreição é a realidade que nos espera. No entanto, não vale a pena estar a julgar e a imaginar essa realidade à luz das categorias que marcam a nossa existência finita e limitada neste mundo; a nossa existência de ressuscitados será uma existência plena, total, nova. A forma como isso acontecerá é um mistério; mas a ressurreição é uma certeza absoluta no horizonte do crente.
Na segunda leitura temos um convite a manter o diálogo e a comunhão com Deus, enquanto esperamos que chegue a segunda vinda de Cristo e a vida nova que Deus nos reserva. Só com a oração será possível mantermo-nos fiéis ao Evangelho e ter a coragem de anunciar a todos os homens a Boa Nova da salvação.
1ª leitura: 2Mc. 7,1-2.9-14 - AMBIENTE
Em 323 a.C., Alexandre, o Grande, morreu e o império foi dividido pelos seus generais (“diadocos”). A Palestina (desde 333 a.C., integrada no império de Alexandre) ficou, inicialmente, nas mãos dos Ptolomeus (que dominavam ainda o Egito e a Fenícia). No entanto, a partir do ano 200 (batalha das “fontes do Jordão”), a Palestina passou para as mãos dos Selêucidas (outra família de generais de Alexandre, que já dominava a Síria e a Mesopotâmia).
Os Ptolomeus tiveram uma atitude relativamente tolerante para com o judaísmo e respeitaram, no geral, as tradições e a fé do Povo de Deus; mas, sob a autoridade dos Selêucidas, sobreveio uma fase em que a cultura helénica se tornou mais agressiva, ameaçando pôr em causa a sobrevivência do judaísmo. Foi, sobretudo, no reinado de Antíoco IV Epifanes (175-164 a.C.) que o helenismo foi imposto – inclusive pela força – ao Povo de Deus. Muitos judeus – apostados em manter vivas as suas tradições – foram perseguidos e mortos.
O texto que nos é proposto coloca-nos neste ambiente. Conta-nos o martírio de uma mãe e dos seus sete filhos, que se recusaram a violar a fé e as tradições judaicas e foram mortos por isso. Trata-se, provavelmente, de uma tradição popular (embora com um substrato histórico), transmitida oralmente durante algum tempo, antes de ser integrada no segundo livro dos Macabeus. O autor não dá qualquer indicação acerca do lugar do martírio, nem do nome dos sete irmãos.
MENSAGEM
A história apresenta-nos, portanto, uma família de sete irmãos e da sua mãe, que o rei pretendia coagir (através da tortura) a abandonar a fé e a comer carne de porco (proibida pela Lei, por ser carne de um animal “impuro”). O nosso trecho apresenta as respostas corajosas de alguns destes irmãos, preocupados mais com a fidelidade aos valores judaicos e à fé dos pais, do que com as ameaças do rei.
O que é que “faz correr” estes jovens? O que é que lhes dá a coragem para enfrentar as exigências dos seus algozes? De acordo com as explicações que o autor coloca na boca dos nossos heróis, é a fé na ressurreição ou, literalmente, na revivificação eterna de vida (vers. 9) que os motiva. Os sete irmãos tiveram a coragem de defender a sua fé até à morte, porque acreditavam que Deus lhes devolveria outra vez a vida, uma vida semelhante àquela que lhes ia ser tirada. O Deus criador tem, de acordo com a catequese aqui feita, o poder de ressuscitar os mártires para a vida eterna…
Não é, ainda, a noção neo-testamentária de ressurreição (uma vida nova, uma vida plena, uma vida transformada e elevada à máxima potencialidade) que aqui aparece; é apenas a idéia de uma revivificação, de um readquirir no outro mundo uma vida semelhante àquela que aqui foi roubada ao homem (embora se admitisse que, nesse mundo de Deus, já não haveria pranto, nem sofrimento, nem morte). De qualquer forma, é a idéia de imortalidade que aqui é formulada. Repare-se, no entanto, que o nosso texto ainda não ensina a revivificação de todos os homens, mas apenas dos justos (vers. 14).
É a primeira vez que a doutrina da ressurreição é explicitamente apresentada na Bíblia. A partir daqui, esta idéia vai desenvolver-se cada vez mais, até ser completamente iluminada pelo exemplo de Jesus.
ATUALIZAÇÃO
Como é que termina a nossa vida? Os sonhos que procuramos concretizar, as nossas realizações mais queridas, que é que valem se nos espera um dia, inevitavelmente, a morte? Estamos condenados a deixar e a perder tudo aquilo que amamos? A nossa morte é uma viagem fatal em direção ao nada? Estas perguntas são eternas; e, há cerca de 2100 anos, um catequista de Israel já as colocava… A sua fé ditou-lhe, no entanto, a certeza de que a vida continua para além desta terra. É essa certeza que ele nos deixa, neste texto; e é essa experiência de fé que ele nos convida a fazer.
Quem acredita na ressurreição não pode deixar-se paralisar pelo medo (muitas vezes é o medo que limita a nossa existência e nos impede de defender os valores em que acreditamos)… Pode comprometer-se na luta pela justiça e pela verdade, na certeza de que as forças da morte não o podem vencer ou destruir. É essa certeza que animou o testemunho de tantos mártires de ontem e de hoje… É essa certeza que anima a minha luta e que dá força ao meu compromisso?
É, sem dúvida, inspiradora a “teimosia” com que estes irmãos defendem os valores em que acreditam. Num mundo em que o que é verdade de manhã, deixou de ser verdade à tarde, em que o partido dos oportunistas tem cada vez mais simpatizantes e em que todos os meios são legítimos para alcançar certos fins, o testemunho destes mártires é uma poderosa interpelação… Somos capazes de defender, com verdade e verticalidade aquilo em que acreditamos? Somos capazes de lutar, ainda que contra a corrente, pelos valores que nos parecem mais significativos e duradouros?
2ª leitura: 2Ts. 2,16 - 3,5 - AMBIENTE
Já vimos no passado domingo que a Segunda Carta aos Tessalonicenses (que alguns admitem não ser de Paulo) nos coloca frente a uma comunidade cristã fervorosa, que vive com empenho e generosidade o seu compromisso cristão apesar das provações, constituindo mesmo um modelo para as comunidades vizinhas (cf. 1Ts. 1,7-8); no entanto, a comunidade a que esta carta se destina é, também, uma comunidade com algumas dúvidas e inquietações em questões de doutrina – nomeadamente no que diz respeito ao “dia do Senhor” (isto é, à segunda vinda de Jesus). De resto, Paulo aproveita a ocasião para corrigir comportamentos, fazer alguns pedidos e exortar a uma fidelidade cada vez maior ao Evangelho de Jesus.
MENSAGEM
Depois de apresentar a doutrina sobre a segunda vinda do Senhor (2,1-12), o autor da carta convida os tessalonicenses a assumir a atitude correta, enquanto esperam essa vinda. Em concreto, o autor da carta pede aos cristãos de Tessalónica que guardem as tradições recebidas de Paulo, “de viva voz ou por carta”, isto é, pede-lhes que se mantenham fiéis ao Evangelho de Jesus que o apóstolo lhes transmitiu (2,13-15).
O texto que hoje nos é proposto como segunda leitura começa precisamente neste ponto… O convite a permanecer fiéis às tradições recebidas vai acompanhado de uma súplica a Deus Pai e a Jesus Cristo, para que tornem possível essa fidelidade (2,16-17). Mais uma vez fica claro que, no processo de salvação do homem, há dois planos: o dom de Deus e o esforço de fidelidade do homem. É preciso, no entanto, deixar claro que, sem a graça de Deus, o esforço do homem seria inútil.
Na segunda parte do nosso texto (3,1-5), temos um pedido de oração pelo apóstolo e pelo seu ministério. À súplica do autor em favor dos destinatários da carta (2,16-17), deve responder a súplica dos destinatários da carta em favor do apóstolo. A oração de uns pelos outros é uma forma preciosa de solidariedade cristã.
De resto, os crentes que já receberam a Palavra transformadora e libertadora de Jesus devem solicitar a ajuda divina para que a proposta de salvação que Cristo veio trazer, e que a Igreja ficou encarregada de testemunhar, chegue a todos os homens; ainda mais se, como parece insinuar-se no presente caso, as circunstâncias são decididamente adversas à proclamação e vivência do Evangelho. Repare-se como, também aqui, o papel de Deus é central: o autor da carta sabe que, sem a ajuda de Deus, será impossível ao apóstolo dar testemunho.
ATUALIZAÇÃO
Este texto obriga-me a tomar consciência de que é com a ajuda de Deus que o crente consegue viver na fidelidade ao Evangelho, enquanto espera a vinda do Senhor. Tenho consciência de que é d’Ele que brota a minha fidelidade ao Evangelho, ou considero que as minhas vitórias e conquistas, neste campo, se devem apenas a mim, aos meus méritos e qualidades?
É com a ajuda de Deus que o missionário tem a coragem de anunciar fielmente o Evangelho e de vencer as dificuldades, as injustiças, as incompreensões, as oposições que são obstáculo ao seu trabalho e ao seu testemunho. Tenho consciência de que é na oração – minha e dos meus irmãos – que encontro a força de Deus? Quando, como apóstolo, tenho de enfrentar a oposição e a incompreensão do mundo, confio em Deus, peço-Lhe ajuda, ou deixo que o medo e o desânimo tomem conta do meu coração e me levem a desistir da missão que Deus me confiou?
O pedido de rezar “uns pelos outros” convida-nos a tomar consciência da solidariedade que deve marcar a experiência comunitária. O cristão nunca é uma pessoa isolada, mas o membro de uma família de irmãos, chamados a viver no amor, na partilha, na entrega da vida, como membros de um único corpo – o corpo de Cristo. É preciso tomar consciência dos laços que nos unem, sentirmo-nos responsáveis pelos nossos irmãos, partilhar as suas dores e alegrias, fazer nossos os seus problemas e, no nosso diálogo com Deus, ter presente as necessidades de todos.
Evangelho: Lc. 20,27-38 - AMBIENTE
Este texto situa-nos já em Jerusalém, nos últimos dias antes da morte de Jesus. É a altura das grandes controvérsias com os líderes judaicos (essas controvérsias representam, para Lucas, a última oportunidade que Deus dá ao seu Povo, no sentido de acolher a salvação). Discussão após discussão, torna-se claro que os líderes judaicos rejeitam a proposta de Jesus: prepara-se, assim, o quadro da paixão e da morte na cruz.
Os adversários de Jesus são, no contexto em que o Evangelho deste domingo nos coloca, os saduceus. No tempo de Jesus, os saduceus formavam um grupo aristocrático, recrutado sobretudo entre os sacerdotes da classe superior. Exerciam a sua autoridade à volta do Templo e dominavam o Sinédrio (no entanto, a sua autoridade nessa instituição não era absoluta desde que os fariseus aí haviam chegado). A sua importância política era real, ainda que muito limitada pela presença do procurador romano. Politicamente, eram conservadores e entendiam-se bem com o opressor romano… Pretendiam manter a situação, para não ver comprometidos os benefícios políticos, sociais e econômicos de que desfrutavam.
Para os saduceus, apenas interessava a Lei escrita – a “Torah”. Negavam que a Lei oral (que era essencial para os fariseus) tivesse qualquer valor. Este apego conservador à Lei escrita explica que negassem algumas crenças e doutrinas admitidas nos ambientes populares frequentados pelos fariseus. Por isso, não aceitavam a ressurreição dos mortos: nenhum versículo da “Torah” apoiava essa crença.
No seu conflito com os fariseus, estava em jogo uma certa visão da sociedade e do poder. Os fariseus não viam com agrado a “democratização” da Lei promovida pelos fariseus e pelos seus escribas. Esta “democratização” apresentava o inconveniente de fazer os sacerdotes perder a sua autoridade como intérpretes da Lei. Diante do povo, os saduceus mostravam-se distantes, severos, intocáveis.
MENSAGEM
A questão central do nosso texto gira à volta da ressurreição, um tema que não significava nada para os saduceus. Percebendo que, quanto a essa questão, a perspectiva de Jesus estava próxima da dos fariseus, os saduceus apresentaram uma hipótese acadêmica, com o objetivo de ridicularizar a crença na ressurreição: uma mulher casou, sucessivamente, com sete irmãos, cumprindo a lei do levirato (segundo a qual, o irmão de um defunto que morreu sem filhos devia casar com a viúva, a fim de dar descendência ao falecido e impedir que os bens da família fossem parar a mãos estranhas, cf. Dt. 25,5-10). Quando ressuscitarem, ela será mulher de qual dos irmãos?
A primeira parte da resposta de Jesus (vs. 27-36) afirma que a ressurreição não é (como pensavam os fariseus do tempo) uma simples continuação da vida que vivemos neste mundo (na linha de uma revivificação – ideia apresentada na primeira leitura), mas uma vida nova e distinta, uma vida de plenitude que dificilmente podemos entender a partir das nossas realidades quotidianas. A questão do casamento não se porá, então (a expressão “são semelhantes aos anjos” do v. 30 não é uma expressão de depreciação do matrimônio, mas a afirmação de que, nessa vida nova, a única preocupação será servir e louvar a Deus). O poder de Deus, que chama os homens da morte à vida, transforma e assume a totalidade do ser humano, de forma que nascemos para uma vida totalmente nova e em que as nossas potencialidades serão elevadas à plenitude. A nossa capacidade de compreensão deste mistério é limitada, pois estamos a contemplar as coisas e a classificá-las à luz das nossas realidades terrenas; no entanto, a ressurreição que nos espera ultrapassa totalmente a nossa realidade terrena.
A segunda parte da resposta de Jesus (vers. 37-38) é uma afirmação da certeza da ressurreição. Como não podia apoiar-se nos textos recentes da Escritura (como Dn 12,2-3), que sugeriam a fé na ressurreição (pois esses textos não tinham qualquer valor para os saduceus), Jesus cita-lhes a “Torah” (cf. Ex 3,6): no episódio da sarça-ardente, Jahwéh revelou-Se a Moisés como “o Deus de Abraão, de Isaac e de Jacob”… Ora, se Deus Se apresenta dessa forma – muitos anos depois de Abraão, Isaac e Jacob terem desaparecido deste mundo – isso quer dizer que os patriarcas não estão mortos (um homem “morto” – ou seja, um homem reduzido ao estado de uma sombra inconsciente e privada de vida no “sheol”, segundo a ideia semita corrente – tinha perdido a proteção de Deus, pois já não existia como homem vivo e consciente). Na perspectiva de Jesus, portanto, os patriarcas não estão reduzidos ao estado de sombras na obscuridade absoluta do “sheol”, mas vivem atualmente em Deus. Conclusão: se Abraão, Isaac e Jacob estão vivos, podemos falar em ressurreição.
ATUALIZAÇÃO
A questão da ressurreição não é uma questão pacífica e clara para a maioria dos homens do nosso tempo. Há quem veja na esperança da ressurreição apenas um “ópio do povo”, destinado a adormecer a justa vontade de lutar pela construção de um mundo mais justo; há quem veja na ressurreição uma forma de evasão, face aos problemas que a vida apresenta; há quem veja na ressurreição uma ilusão onde o homem projeta os seus desejos insatisfeitos… Convencidos de que a vida se resume aos 70/80 anos que vivemos neste mundo, muitos dos nossos contemporâneos constroem a sua existência tendo apenas em conta os valores deste mundo, sem quaisquer horizontes futuros. Que sentido é que isto faz, na perspectiva da nossa fé?
A ressurreição é, no entanto, a esperança que dá sentido a toda a caminhada do cristão. A fé cristã torna a esperança da ressurreição uma certeza absoluta, pois Cristo ressuscitou e quem se identifica com Cristo nascerá com Ele para a vida nova e definitiva. A nossa vida presente deve ser, pois, uma caminhada tranquila, confiante, alegre – ainda quando feita no sofrimento e na dor – em direção a essa nova realidade.
A ressurreição não é a revivificação dos nossos corpos e a continuação da vida que vivemos neste mundo; mas é a passagem para uma vida nova onde, sem deixarmos de ser nós próprios, seremos totalmente outros… É a plenitudização de todas as nossas capacidades, a meta final do nosso crescimento, a realização da utopia da vida plena. Sendo assim, há alguma razão para temermos a morte ou para vermos nela algo que nos priva de alguma coisa importante (nomeadamente a relação com aqueles que amamos)?
A certeza da ressurreição não deve ser, apenas, uma realidade que esperamos; mas deve ser uma realidade que influencia, desde já, a nossa existência terrena. É o horizonte da ressurreição que deve influenciar as nossas opções, os nossos valores, as nossas atitudes; é a certeza da ressurreição que nos dá a coragem de enfrentar as forças da morte que dominam o mundo, de forma a que o novo céu e a nova terra que nos esperam comecem a desenhar-se desde já.
• Temos de ter muito cuidado com a forma como falamos da ressurreição aos homens do nosso tempo, pois podemos pensá-la, explicá-la e projectá-la à luz da nossa vida atual e corremos sérios riscos de nos tornarmos ridículos. O que podemos fazer é afirmar a nossa certeza na ressurreição; depois, temos de confessar a nossa incapacidade de conceber e de explicar esse mundo novo que nos espera (como a criança no seio da mãe não compreende nem sabe explicar a vida que a espera no mundo exterior).
P. Joaquim Garrido, P. Manuel Barbosa, P. José Ornelas Carvalho


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