25º DOMINGO DO TEMPO COMUM-C
22 de Setembro de 2019
Evangelho- Lc
16,1-13
-MATEUS
SE LEVANTOU E SEGUIU JESUS- Mt 9,9-13-José Salviano
Am 8,4-7; Sl 113; 1Tm 2,1-8
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“VÓS NÃO PODEIS SERVIR A DEUS E AO
DINHEIRO.” – Olivia Coutinho
25º DOMINGO DO TEMPO COMUM
Dia 22 de Setembro de 2019
Evangelho de Lc16,1-13
O Evangelho que a liturgia de hoje nos convida a refletir, apresenta-nos a parábola do administrador desonesto. Através desta história, Jesus faz uma triste constatação: “Os filhos do mundo, são mais espertos do que os filhos da Luz.” Em seguida Ele nos exorta: “Usai o dinheiro injusto para fazer amigos...
Jesus colocou um administrador desonesto entre os filhos deste mundo, em contraste com os “filhos da Luz.” Entretanto, Ele apresenta a esperteza deste filho do mundo, como algo a ser exercitada pelos os filhos da luz, isto é, que usemos também de muita astúcia para transformar o mundo.
Não podemos interpretar este texto ao pé da letra, se assim fizermos, vamos chamar Jesus de incoerente, achar que Ele elogia a desonestidade, fazer esta interpretação, é desconhecer Jesus.
É importante termos em mente: Jesus não elogia a desonestidade, o que Ele elogia, é a astúcia de alguém que encontra meios tão rápidos para não perder a sua vida. A lição que fora passada para os discípulos e hoje para nós, deve nos conscientizar de que nós, como filhos da Luz, não podemos viver na passividade, e nem sermos morosos em nossas atitudes, principalmente em se tratando da prática da justiça. Jesus elogiou, a agilidade de uma pessoa determinada a sair rapidamente de uma situação que lhe era desfavorável. É essa atitude, que nós, chamados por Jesus de filhos da Luz, devemos ter, principalmente em relação ao pecado, devemos ser rápidos para sairmos das situações de pecado, afinal, não sabemos a que dia e hora o Senhor nos chamará a prestarmos conta da nossa administração.
“Usai o dinheiro injusto para
fazer amigos.” A princípio, esta fala de Jesus, pode nos assustar, mas se
meditarmos o texto com mais profundidade, vamos entende-la
facilmente. Ao que tudo indica, o dinheiro injusto para
Jesus, é aquele dinheiro que acumulamos, que vai além das nossas
necessidades. O dinheiro que acumulamos, é traiçoeiro, pois ele no leva ao
consumismo, a depositar a nossa segurança nele, e não em Deus. Esse
dinheiro é injusto, porque ele escraviza-nos, nos leva à Injustiça de dar-lhe a
honra que é devida somente a Deus! Quando colocamos o dinheiro, como o
senhor da nossa vida, ele acaba nos tirando a vida ao nos tirar de Deus.
O administrador desonesto usou o
dinheiro injusto para fazer amigos que o acolhesse aqui na terra, já nós,
devemos dar um destino justo ao dinheiro injusto, fazendo amigos que nos
leve ao céu, colocando-o não somente ao nosso serviço, como também, a serviço
do outro, dos pobres. “ Pois eu tive fome, e vocês me deram de
comer; tive sede, e me deram de beber, era estrangeiro e me
acolheram, estava nu e me vestiram...” Mt25,35-36.
Ao trocar os bens passageiros pelos bens
duráveis, o administrador desonesto, deu um passo certeiro na vida. Fica
claro, que ele agiu com esperteza, mas se olharmos por outro lado, vamos
perceber que ao se converter pela a razão, ele dá o primeiro passo para a
conversão do coração. Antes, ele trocava as pessoas pelo o dinheiro,
depois que se viu em apuros, ele faz o inverso, troca o dinheiro pelas pessoas,
por conveniência é claro. É esta rapidez de raciocínio, que Jesus gostaria que
nós tivéssemos.
Através de uma parábola, Jesus vem nos
alertar também, sobre o perigo de nos tornarmos reféns do dinheiro. O dinheiro
em excesso, nos induz ao consumismo, que é o motor alimentador deste
sistema econômico injusto, um sistema gerador de excluídos,
que descarta os que não produzem, os que não dão lucro.
Não sejamos ingênuos de achar que Jesus condena o dinheiro, Jesus não condena o dinheiro, afinal, precisamos do dinheiro, para a nossa sobrevivência. O que Jesus condena, é o mau uso do dinheiro, o lugar que o colocamos na nossa vida, e a forma ilícita de adquiri-lo.
Jesus nos convida a sermos agentes de um mundo novo, de um mundo alicerçado na justiça que é a base sólida sobre a qual construímos a nossa morada no céu.
Não sejamos ingênuos de achar que Jesus condena o dinheiro, Jesus não condena o dinheiro, afinal, precisamos do dinheiro, para a nossa sobrevivência. O que Jesus condena, é o mau uso do dinheiro, o lugar que o colocamos na nossa vida, e a forma ilícita de adquiri-lo.
Jesus nos convida a sermos agentes de um mundo novo, de um mundo alicerçado na justiça que é a base sólida sobre a qual construímos a nossa morada no céu.
FIQUE NA PAZ DE JESUS - Olivia Coutinho
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O
sentido do Evangelho de hoje encontra-se numa constatação e num conselho de
Jesus. Primeiro, a constatação: “Os filhos deste mundo são mais
espertos em seus negócios que os filhos da luz”. Depois, o conselho, que,
na verdade, é uma exortação: “Usai o dinheiro injusto para fazer
amigos, pois, quando acabar, eles vos receberão nas moradas eternas”. Que
significam estas palavras?
A
constatação de Jesus é tristemente real: os pecadores são mais espertos e mais
dispostos para o mal, que os cristãos para o bem. Pecadores entusiasmados com o
pecado, apóstolos do pecado, divulgadores do pecado... Cristãos sem entusiasmo
pelo Evangelho, sem ânimo para a virtude, sem criatividade para crescer no
caminho de Deus! Pecadores motivados, cristãos cansados e preguiçosos! Que
vergonha! Hoje, como ontem, a constatação de Jesus é verdadeira. Olhemo-nos,
olhemos uns para os outros, olhemos para esta Comunidade que, dominicalmente,
se reúne para escutar a Palavra e nutrir-se do Corpo do Senhor... Somos dignos
da Eucaristia? Sê-lo-emos se nos tornamos testemunhas entusiasmadas e convictas
daquele que aqui escutamos, daquele por quem aqui somos alimentados!
Da
constatação triste do Senhor, brota sua exortação grave: “Usai o
dinheiro injusto para fazer amigos, pois, quando acabar, eles vos receberão nas
moradas eternas”. Palavras estranhas; à primeira vista, escandalosas... Que
significam? Jesus chama o dinheiro de “injusto”. Isto porque o dinheiro, a
riqueza, os bens materiais e os bens da inteligência, do sucesso, da fama,
ainda que adquiridos com honestidade, são sempre traiçoeiros, sempre perigosos,
sempre na iminência de escravizar nosso coração e nos fazer seus prisioneiros.
Dinheiro injusto porque sempre nos tenta à injustiça de dar-lhe a honra que é
devida somente a Deus e de buscar nele a segurança que somente o Senhor nos
pode garantir. Por isso, Jesus chama os bens deste mundo de “dinheiro
injusto”... Sempre injusto, porque sempre traiçoeiro, sempre traiçoeiro, porque
sempre sedutor! Constantemente corremos o risco de nos embebedar com ele,
fazendo dele o fim de nossa existência, nossa segurança e nosso deus... Mas, os
bens materiais, em geral, e o dinheiro, em particular, não são maus de modo
absolutos... Eles podem ser usados para o bem. Por isso Jesus nos exorta a
fazer amigos com eles... Fazemos amigos com nossos bens materiais ou
espirituais quando os colocamos não somente ao nosso serviço, mas também ao
serviço do crescimento dos irmãos, sobretudo dos mais necessitados. Aí, o
dinheiro se torna motivo de libertação, de alegria e de vida para os outros...
Aí, então, tornamo-nos amigos dos pobres, que nos receberão de braços abertos
na Casa do Pai! Bendito dinheiro, quando nos faz amigos dos pobres e, por meio
deles, amigos de Deus! Que o digam os cristãos que foram ricos e se fizeram
amigos de Deus porque foram amigos dos pobres! Que o digam santa Brígida da
Suécia, santo Henrique da Baviera, são Luís de França, os santos Isabel e
Estevão, reis da Hungria, santa Isabel de Portugal e tantos outros, que
souberam colocar seus bens a serviço de Deus e dos irmãos! Uma coisa é certa: é
impossível ser amigo de Deus não sendo amigo dos pobres. Sobre isso o Senhor
nos adverte duramente na primeira leitura: ai dos que celebram as festas
religiosas dos sábados e das luas novas em honra do Senhor com o pensamento de,
no dia seguinte, roubar, explorar o pobre e pisar o fraco! Maldita prática
religiosa, esta! A queixa do Senhor é profunda, sua sentença é terrível.
Ouçamos o que ele diz, e tremamos: “Por causa da soberba de Jacó, o
Senhor jurou: ‘Nunca mais esquecerei o que eles fizeram!’” A verdade é
que não podemos usar nossos bens como se Deus não existisse e não nos mostrasse
os irmãos necessitados, como também não podemos adorar a Deus como se não
tivéssemos dinheiro e outros bens materiais ou da inteligência, bens que devem
ser colocados debaixo do senhorio de Cristo! Não se pode separar nossa relação
com Deus do modo como usamos os nossos bens! Ou as duas vão juntas, ou a nossa
religião é falsa! Por isso, perguntemo-nos hoje: como uso os bens materiais,
como uso meus talentos, como uso minha inteligência? Somente para mim? Ou sei
colocar-me a serviço, fazendo de minha vida uma partilha, tornando outros
felizes e o nome de Deus honrado?
Os
bens deste mundo são pouco, em relação com os bens eternos que o Senhor nos
promete para sempre. Pois bem, escutemos o que diz o nosso Salvador: “Quem
é fiel nas pequenas coisas, também é fiel nas grandes. Se vós não sois fiéis no
uso do dinheiro injusto, quem vos confiará o verdadeiro bem? E se não sois
fiéis no que é dos outros, quem vos dará aquilo que é vosso?" Em
outras palavras, para que ninguém tenha a desculpa de dizer que não compreendeu
o que o Senhor quis dizer: Quem é fiel nas coisas pequenas deste mundo, será
fiel nas coisas grandes que o Pai dará no céu. Se vós não sois fiéis no uso dos
bens desta vida, como Deus vos confiará a vida eterna, que é o verdadeiro bem?
E se não sois fiéis nos bens que não são vossos para sempre, como Deus vos
confiará aquilo que é o verdadeiro bem, a vida eterna, que será vossa para
sempre?
Olhemos
nós, que o modo de nos relacionarmos com o dinheiro e demais bens diz muito do
que nós somos, afinal o nosso tesouro está onde está nosso coração! Dizei-me
onde anda o vosso coração, o vosso apego, a vossa preocupação, e eu vos direi
qual é o tesouro da vossa vida! Tristes de nós quando o nosso tesouro não for
unicamente Deus! Tristes de nós quando, por amor ao que passa, perdemos a Deus,
o único Bem que não passa! Uma coisa é certa: a advertência duríssima de
Jesus: “Ninguém pode servir a dois senhores. Vós não podereis servir a
Deus e ao dinheiro!”
Que
nos converta a misericórdia de Deus, que sendo tão bom, “quer que todos
se salvem e cheguem ao conhecimento da verdade”. A ele a glória para
sempre.
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Servir a Deus ou ao deus dinheiro? Quando a economia não gera vida.
Quem
não se lembra do tema da Campanha da Fraternidade deste ano: Economia e vida? O
seu lema: “não podeis servir a Deus e ao Dinheiro” aparece em nosso evangelho
de hoje, no versículo 13. Na primeira leitura, o profeta Amós age duramente com
os ricos exploradores que compram o fraco com prata e o indigente por um par de
sandálias (8,6). No evangelho, o cristão é chamado a ser discípulo, o que
implica romper com todas as formas de uso dos bens que geram injustiças. Nada
de ganância e usura. Nessa mesma linha de pensamento, a segunda leitura mostra
a oração como forma de resistir à perseguição e à economia romana que tiram a
vida. Reflitamos, pois, sobre o alcance da economia que gera a vida e o serviço
ao Deus da vida.
1.
leitura (Am. 8,4-7): a falsa medida dos ricos e o par de sandálias dos pobres
A
primeira leitura é um oráculo de juízo, possivelmente dos discípulos de Amós,
aquele camponês pobre do sul, de Judá, que lá pelo ano 760 a.E.C. assumiu a
difícil missão de ser profeta no norte do país, Israel, no tempo do rei
Jeroboão II. O país que havia vivido uma situação econômica favorável passa a
ter nos seus líderes e comerciantes uma situação insuportável aos olhos de
Deus: a exploração dos pobres. Para Amós, essa atitude decretava o fim do povo
eleito. O desejo dos comerciantes era o lucro indevido, vendendo até o refugo
dos cereais, violando a balança. Para eles, não importavam as festas
religiosas, lua nova e sábado, oportunidades em que todos podiam celebrar e
descansar (1Sm. 20,5; Is 1,13s; Os. 2,13; Jr. 17,21-27; Ne. 13,15-22; Ex.
35,3). Eles se perguntavam pelo fim da lua nova para vender o trigo. E o que é
pior: “Quando vai passar o Sábado, para abrirmos o armazém, para diminuir as
medidas, aumentar o peso e viciar a balança, para comprar os pobres por
dinheiro, o necessitado por um par de sandálias, e vender o refugo do trigo?”
(vv. 5-6).
O
indigente é comprado por um par de sandálias. Esse crime de Israel já fora
denunciado pelo profeta (Am. 2,6). Até o ser humano é objeto de negócios
ilícitos. Todo ser humano busca a sua sobrevivência. Na relação com as pessoas,
ele adquire bens. Pessoas e bens estão entrelaçados. No entanto, o bem
econômico não pode ser adquirido sob a condição de que o outro seja lesado em
sua dignidade. A injustiça, desse modo, nasce do desejo e da prática que mantêm
o outro na pobreza. A sandália é um objeto de primeira necessidade para o
indigente. Há uma ganância e exploração despropositadas dos pobres (vv. 4 e 6).
Ganância que leva os comerciantes a falsear a balança. Para Amós, o juízo
divino será implacável com Israel. Deus não se esquecerá dessa atitude de seu
povo.
O
motivo de tamanha ira divina é o fato de a religião ser usada para justificar a
opressão social e econômica de Israel, o povo eleito por Deus para ser sua
testemunha de santificação no mundo. O povo aguardava ansioso o “dia do
Senhor”. Muitos diziam que ele seria de bonança e de glória para Israel. O
profeta Amós, ao contrário, afirmava que esse dia seria terrível, de destruição
e exílio para os pretensos religiosos corruptos, seus compatriotas, que,
fazendo injustiças contra os pobres, atingiam o próprio Deus, o defensor e pai
dos pobres. Imagine se o povo estava gostando de tal proposta? Claro que não.
Estamos, pois, diante de um juízo divino, que também aparece no evangelho, que
veremos a seguir.
Evangelho (Lc. 16,1-13)
Uma estranha parábola de um esperto administrador.
Deus versus Dinheiro
Dando
continuidade ao tema da economia da primeira leitura, estamos diante de uma
parábola própria da comunidade de Lucas, a do administrador infiel que, vendo
que estava prestes a ser demitido por esbanjar os bens do patrão, resolve
bancar o esperto, usando o dinheiro do próprio patrão para fazer amigos, que o
ajudariam quando estivesse demitido, isto é, diminuindo o valor da dívida
destes para com o seu patrão. A economia está no centro de sua ação. Ele sabe
defender o seu lado, mesmo que de forma desonesta. Mas em que consiste a sua
desonestidade e o elogio de Jesus? Naquele tempo, a economia do empréstimo
funcionava assim: o dono dos bens os confiava a um administrador, que tinha seu
pagamento no valor aumentado na mercadoria. Essa prática era vista como normal
e permitida. No caso da parábola, o administrador simplesmente se abdicou de
seu salário para fazer amigos e preparar “a cama”, caso viesse a perder o
emprego. Por outro lado, ele ensina a partilha, deixando de lucrar para servir
aos pobres.
Assim,
não mais soa estranho no texto o fato de o Senhor, no caso, Jesus, ter elogiado
a má ação do administrador. Ele compara os filhos da luz com os do dinheiro,
com os quais os primeiros devem aprender: usar da esperteza. E Jesus orienta
seus seguidores a fazer uso do dinheiro injusto para fazer amigos, de modo que
os amigos possam ajudá-los, quando as dificuldades vierem (v. 9). O ensinamento
de Jesus se resume em dizer que todo dinheiro acumulado é fruto da injustiça,
assim como é justiça roubar dos ricos para dar aos pobres. Seria um Robin Hood
moderno, aquele herói inglês, um fora da lei que vivia na floresta, no século
XIII, com seu arco e flecha, roubando dos ricos para dar aos pobres. Por outro
lado, os discípulos de Jesus devem fazer o caminho da radicalidade. Seguindo
Jesus, eles “perderiam o emprego”, as benesses da vida estabilizada, os privilégios
e deveriam ser fiéis ao novo projeto. Nesse sentido, Jesus também chama a
atenção para o fato de a fidelidade ser expressa em pequenas coisas. Quem é
fiel nas pequenas coisas o é também nas grandes. “E se não somos fiéis no que é
dos outros, quem nos dará aquilo que é nosso?” (v. 10). E Jesus conclui o seu
discurso com uma afirmativa que é o centro de todo o capítulo dezesseis:
“Nenhum empregado pode servir a dois senhores, porque, ou odiará um e amará o
outro, ou se apegará a um e desprezará o outro. Vocês não podem servir a Deus e
ao Dinheiro” (v. 13). Discípulo de Jesus não fica em cima do muro. Na
sequência, são citados os fariseus, chamados de amigos do dinheiro, a quem
Jesus estava dirigindo a sua pregação (v. 14).
A
oposição entre as duas situações antagônicas, amar a Deus ou ao Dinheiro,
revela o significado do ensinamento de Jesus. Não creio que Jesus estaria
ensinando que o dinheiro não presta e que não precisamos dele. E em outra
ocasião, referindo-se a uma moeda com a figura e a inscrição de César, a
propósito do pagamento de imposto, Jesus foi categórico: “Dai a César o que é
de César, e a Deus o que é de Deus” (Mt 22,21). Jesus não está se colocando
contra o dinheiro, mas a favor de uma economia que gera a vida. Quando o
dinheiro fica acumulado ocorrem duas coisas: ele é fruto de injustiças sociais,
assim como vimos na primeira leitura, e gerador de outras situações de não
fraternidade, de não partilha, assim como era o ensinamento de Jesus sobre o
Reino de Deus.
Os
bens não são em si negativos, mas o seu uso absoluto e desequilibrado gera
riqueza de um lado e miséria do outro. Bens tornam-se ídolos que, idolatrados,
geram fome, desemprego, falta de moradia etc. Uma falsa espiritualidade baseada
na economia guia muitos de nós, a espiritualidade dos shopping centers, o
prazer vazio de comprar, pensando que estamos adquirindo a felicidade.
Por
outro lado, aproximando-se mais uma eleição presidencial, constata-se que as
desigualdades sociais têm diminuído. No nosso pobre continente latino-americano,
países buscam integração, trabalhadores se unem. A consciência ecológica tem
levado muitos a mudar de atitudes em relação ao nosso planeta. Tudo isso, no
entanto, é pouco diante dos grandes desafios da economia injusta que impera em
nosso país.
2º leitura (1Tm. 2,1-8)
Rezar pelos governantes, por causa de nossa
serenidade, e servindo a Deus
Ao
escrever à comunidade de Timóteo, Paulo, retomando o papel salvífico universal
de Jesus Cristo, ensina a importância da oração na comunidade cristã. A
novidade da oração cristã, apresentada por Paulo, é que ela seja realizada sem
ira e discussões, com mãos limpas (v. 8), e ele pede que todos rezem, seja em
forma de pedidos, orações, súplicas ou ações de graças (v. 1). E o que é mais
importante, a oração deve ser para todos, também para os governantes, os que
exercem autoridade. Até mesmo o imperador romano, que se julgava deus,
precisava de oração para governar com sabedoria, coisa que não ocorria. Os
judeus ensinavam que a oração deveria ser voltada para os seus conterrâneos, os
israelitas. Paulo vai além desse preceito.
Os
judeus tinham também uma oração de dezoito bênçãos. Uma delas, a décima
segunda, dizia: “Não haja esperança para os heréticos e caluniadores, e pereçam
todos num instante. Todos os teus inimigos sejam imediatamente destruídos, e
tu, humilha-os imediatamente em nossos dias. Bendito sejas, Senhor, que
despedaças os inimigos e humilhas os soberbos”. Essa oração, composta por volta
do ano 95 a 100 E.C., na cidade de Jammia – quando os judeus fecharam a sua
lista de livros inspirados da Bíblia, tinha um endereço certo: os cristãos, que
haviam seguido outro caminho, deixando Jerusalém para levar a fé no judeu Jesus
ressuscitado a todos os povos.
Paulo
também ensina que a oração nos confere serenidade. Rezemos para que tenhamos
“uma vida calma e serena, com toda a piedade e dignidade” (v. 2). Diante das
perseguições romanas, os cristãos são chamados à oração. Diante da economia
romana que causava miséria para muitos e riqueza para poucos, os cristãos são
chamados à oração que foca Jesus, o salvador de toda a humanidade.
A
reflexão de Paulo, nessa carta a Timóteo, ilumina a temática das outras
leituras de hoje. Os nossos governantes e lideranças precisam da oração da
comunidade para agir com sabedoria. A oração é reflexo do nosso serviço a Deus.
Economia que gera vida é o que esperamos todos. Pensemos nisso na hora de
exercer a nossa cidadania por meio do voto.
PISTAS PARA REFLEXÃO
O
exemplo do administrador infiel serve para nos levar a perguntar pela nossa
condição de pessoas decididas a tomar uma atitude em nossas vidas. Somos
inertes diante das dificuldades ou somos corajosos? Estamos decididos a ser
radicais como o administrador do evangelho?
Diante
da temática suscitada nas leituras de hoje, perguntemo-nos como agimos com o
dinheiro. Ele serve para nos oferecer condições dignas de vida ou para acumular
nossas falsas riquezas? Amamos a Deus, a vida partilhada, ou o dinheiro, o
acúmulo desnecessário? Usamos tudo que temos?
Como
está a nossa vida de oração? Pensamos mais no ter e aparecer ou no nosso ser de
forma íntegra? Deus é o centro de nossas vidas ou somos mais um da
espiritualidade dos shopping centers? A nossa oração tem dimensão política e
social? Somos capazes de votar em candidatos que defendem o acúmulo de bens nas
mãos de poucos? Conhecemos a vida de nossos candidatos, ao decidirmos o nosso
voto?
frei Jacir de Freitas Farias, ofm -
www.paulus.com.br
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“Eu sou a salvação do povo, diz o Senhor. Se clamar por mim em qualquer
provação, eu o ouvirei e serei seu Deus para sempre”.
A
Liturgia de hoje nos apresenta o bom uso das riquezas. Mais do que o bom uso
das riquezas nos ensina o dom do DESAPEGO. Não podemos ter a mesma sistemática
do mundo que vivemos, na divisão entre pobres e ricos.
O
anúncio do Reino de Deus, do seu amor que salva, é feito num mundo dividido
entre ricos e pobres. O anúncio é que revoluciona a ordem social, combatendo
uma falsa religião que oculta a injustiça. Muitos hoje procuram estas seitas
que não querem denunciar a injustiça, mas que prometem uma vida fácil e que não
gera compromisso solidário e constrói a única riqueza que devemos almejar: a
FRATERNIDADE.
A
missa de hoje nos coloca dentro de uma nova perspectiva: toda decisão que não
termina no amor está errada na raiz. Fazer amigos significa procurar, no uso do
bens, uma realização horizontal, entre irmãos, e não vertical, de alto para
baixo.
A
primeira leitura (cf. Am. 8,4-7) apresenta a denúncia da riqueza injusta e
opressão. Amós denuncia a injustiça institucionalizada do século VIII a.C.
Naquele contexto uns poucos tinham tudo e quase todos têm quase nada. O
pecado dos “poucos” não é contra tal ou tal mandamento. O pecado dos “poucos” é
a sua atitude global que é pecaminosa, caricatura da justiça e da misericórdia
de Deus e daquilo que Deus espera de seu povo. O profeta, destemido como todo
homem de Deus, denuncia que os ricos se tornam sempre mais ricos e os pobres
sempre mais pobres. A riqueza somente tem sentido se o dinheiro não é o centro
de sua vida, mas o meio ordinário de você, com seus bens e dons, colocar o que
tem em favor dos irmãos.
A
segunda leitura (cf. 1Tm. 2,1-8) nos apresenta a comunidade orante. A carta
fala das questões ligadas ao culto, que consiste em petição, adoração,
intercessão e ação de graças, tudo ao mesmo tempo. Todos precisam da súplica e
devem agradecer, pois que a todos Jesus salvou, mediador único, dado em resgate
por nós. Esta é a verdade que salva. A comunidade está diante de Deus rezando e
agradecendo por todos, elevando as suas mãos, purificadas pela prática da
caridade, como as mãos do Crucificado.
O
Evangelho de hoje (cf. Lc. 16,1-13 ou 16,10-13) nos fala que é incompatível
servir a Deus e ao dinheiro concomitantemente. Temos muitos fiéis que observam
tudo o que diz respeito ao culto divino e a disciplina dos santos sacramentos.
Entretanto estão muito longe de Deus, o Salvador. Assim foi no Antigo
Testamento: os judeus observavam a “lua nova” – festa religiosa
tradicional no antigo Israel – e o sábado, mas interiormente pensam em como
explorar os pobres e os oprimidos, com uma avareza sem fim: até o refugo do
trigo sabem converter em lucro, conforme nos ensinou a primeira leitura. O que
adianta participar de cultos e cumprir as orações se o fiel não tem um coração
aberto para Deus e para o irmão? E, qual é a nossa atitude em favor dos
oprimidos? Deus levantará os oprimidos e os colocará em lugar de destaque na
vida eterna.
Jesus
coloca hoje o cristão diante do tema da riqueza, depois de ter falado no
domingo passado da misericórdia. O tema tem sido de grande atualidade em todas
as gerações e em todas as culturas. Não se pode dizer que os bens e as riquezas
sejam más em si mesma, porque são dons de Deus. O problema está no seu uso e no
fato de as riquezas, geralmente, prenderem as criaturas de tal maneira que se
esquecem dos bens melhores, que são os espirituais.
Assim
o cristão deve saber usar as coisas que passam em função das coisas eternas. A
riqueza passa, mas a vida eterna permanece.
A
parábola de hoje é a parábola do administrador tido
como “esperto” aos olhos dos financistas. Esperto é aquele que tem a
lucidez de perceber a gravidade de uma situação, a rapidez em encontrar uma boa
solução e a coragem de tomar decisões certas. Ora, essas eram exatamente as
qualidades que Jesus pedia dos discípulos em todas as situações, mas, no
Evangelho de hoje, sobretudo diante do forte apego aos bens materiais e da
necessidade de tudo deixar para seguir a Jesus, ao Calvário e à Ressurreição.
Ser
rico não é pecado. Ser apegado que é uma falta grave. Mas grave, ainda, é o
materialismo que é o apego exagerado às coisas materiais, ao dinheiro, ao
prazer, ao luxo e ao dinheiro. Isso se chama materialismo e é um câncer na sociedade
moderna. Não podemos odiar os bens, porque são criaturas de Deus, e isso seria
odiar as criaturas de Deus. Quem despreza os bens que Deus criou despreza o
próprio Deus. A lição de Jesus hoje está no nosso relacionamento com os bens.
O
Criador é a nossa única origem e o nosso único destino: a TRINDADE. Fomos
feitos por Deus e para Deus. Somos dele. Somos propriedade de Deus. A razão e a
vontade que dele recebemos não nos dá o direito de esquecer que ele é o único
Senhor de nossas vidas. Se esquecemos a Deus nós pecamos gravemente.
As
Escrituras nos ensina que devemos amar a Deus acima de todas as coisas. O
serviço a deus e o serviço ao dinheiro tem lógicas diferentes de ação: o
serviço a Deus se move no plano do amor, da doação, da generosa fraternidade; o
serviço ao dinheiro, no plano do proveito próprio, da competição, do ter e do
dominar.
Nós
não podemos ter dois deuses: o Deus que nos criou e ao qual pertencemos, e
alguma criatura – saída da mão de Deus – que encontramos ao longo do caminho,
criatura animada e racional ou criatura inanimada como o dinheiro. O pecado
está em transformar uma criatura em Criador.
Jesus
nos ensina, ainda, a sermos desapegados, generosos e caridosos para com os
pobres e desvalidos da sociedade. Por isso todos nós somos convidados a sermos
fiéis nas coisas pequenas e nas coisas grandes. Uma maneira de dizer que
devemos ser fiéis sempre a Deus, o sumo Bem, mas que se manifesta tanto em
coisas pequenas quanto em coisas grandes. Ser fiel a Deus em certos momentos
insignificantes é, de certa forma, garantia de que o sermos nos grandes
momentos da vida.
Na
segunda leitura continua a reflexão de Paulo em torno do anúncio da
reconciliação, que lhe foi incumbido entre os gentios. Neste espírito, insiste
na oração da comunidade, oração de agradecimento e intercessão pelos homens.
Nós devemos traduzir nossa busca de unidade e reconciliação, tornando-nos
mediadores de todos, assim como Cristo reconciliou a todos, tornando-se
mediador, por sua morte salvadora.
Vamos,
pois, dar graças pelo bem que se realiza através dos bens materiais e peçamos
para que no Brasil haja mais honestidade na administração dos bens, a fim de
que, por meio deles, se possa promover a vida de todos e a superação da miséria
e da fome para que todos tenham vida e vida em abundância.
Infelizmente
o dinheiro, símbolo das coisas e do poder, é instrumento de divisão e de luta;
deve tornar-se instrumento de comunhão entre os filhos de Deus, de amizade, de
igualdade. Jamais o dinheiro seja veículo de guerra, de discriminação ou de
opressão. Para que o dinheiro seja bem distribuído mister se faz comunidade na
produção, na distribuição e no consumo. Já a pobreza dos que têm bens, e não
são despojados consiste em usar os seus bens para criar amizades e comunicar-se
com os homens. Por isso que os cristãos sejam generosos e no amor e na partilha
façam acontecer o Reino de Justiça e de Paz, que nos ensina a virtude do
DESAPEGO e a virtude da PARTILHA.
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“Não podeis servir a Deus e ao Dinheiro”
As
palavras do profeta Amós (1º leitura) e aquelas de Jesus nos convidam a
refletir sobre a amarga realidade das coisas que hoje em dia é muito difícil
poder fugir e na qual nos encontramos continuamente lutando contra todo tipo de
manifestação sua: a realidade da injustiça, da maldade, da corrupção, da
desonestidade. Ora, se a própria Bíblia cita em vários livros episódios de
opressão, de exploração, é porque esta sempre foi uma constante na história da
humanidade e não é de se admirar que ainda hoje experimentemos algo igual.
Estranhamente,
no Evangelho de hoje, Jesus se utiliza de uma pessoa corrupta para ensinar algo
útil para nossa vida de cristãos. Mas como é possível ser elogiado um homem que
se apropria indevidamente de bens alheios e faz amigos à custa do patrão?
“Havia
um homem rico que tinha um administrador, e este foi acusado...”: é assim que
começa a parábola do Evangelho deste domingo, o relato de um administrador que,
durante anos, cometia fraudes contra o seu patrão, até que não conseguiu mais.
É uma história que se repete desde há muito tempo até hoje, semelhante a tantas
histórias dos nossos dias que continuamente lemos nos cotidianos e escutamos nos
telejornais: histórias de fraudes e furtos, arquitetadas com perfeição, por
pessoas, talvez muito notáveis, que roubam grandes quantias de dinheiro,
prejudicando grandes e pequenos. Não é uma novidade, e digamos logo, nem mesmo
é raro: tá cada vez mais comum ouvir e ver casos assim; mas sempre chega o
momento da verdade, quando descobertas as fraudes, começa a caça ao ladrão, que
obviamente, nunca está sozinho e faz de tudo pra escapar. Desonestidade,
engano, fraude: é a lógica do “mundo”, a lógica dos espertalhões que não têm
escrúpulos em enriquecer às custas dos principalmente mais pobres; contra essa
lógica, só aparentemente vencedora, a liturgia propõe novamente as palavras
duras do profeta Amós, o “pastor, cultivador de sicômoros” chamado por Deus a admoestar
todos, pertencentes às altas classes da cidade da Samaria que exploravam os
pobres e oprimiam os fracos.
A
parábola fala precisamente de um homem rico que soube que seu empregado estava
lhe roubando, e, por isso, ele exige uma prestação de contas antes de demitir
tal empregado; este, por sua vez, com muita esperteza, raciocina: ‘vou ser
demitido, não tenho como me defender. Como vou me sustentar? Não posso encarar
um trabalho braçal e tenho vergonha de pedir esmolas. Já sei o que vou fazer.
Vou diminuir as dívidas que as pessoas têm com meu patrão; assim, elas ficam me
devendo este favor e por isso, vão me ajudar com algo enquanto eu estiver
desempregado’.
Muito
espertinho o empregado! Na época, a cobrança de juros era proibida pela Lei,
assim, para obter o máximo dos outros, os vendedores diminuíam medidas para
ganhar mais, aumentavam pesos quando vendiam, adulteravam balanças, compravam
os pobres com um par de sandálias (ou hoje com uma prótese dentária ou um exame
de vista), nada diferente do que existe por aí em todos os âmbitos da
sociedade. Então, aquele empregado resolve reduzir as contas devidas ao seu
valor real, perdendo os juros para o patrão e fazendo amigos para si mesmo.
Usou o presente para providenciar o futuro.
Jesus
com esta parábola constata: “realmente, os filhos 'deste mundo' são mais
espertos em seus negócios do que os filhos da luz”. Somo filhos da luz,
seguimos a luz do mundo que é Jesus; mas, muitas vezes, como cristãos, nos
faltam a prontidão e o zelo daquele administrador da parábola em vez de
ficarmos nos lamentando e reclamando.
Por
isso, Jesus com base nessa verdade, dá três orientações com relação ao uso do
dinheiro. Primeiramente, que devemos usar o dinheiro em favor do nosso próximo.
Os bens que Deus confia a nossa administração não devem ser gastos de maneira
egoística em vista de uma “boa vida”, mas devem ser usados conforme à vontade
de Deus. Ou seja, sendo uma bênção para o outro. Jesus fala de dinheiro, mas aí
devemos incluir tudo o que é bem terreno: as nossas capacidades, talentos,
educação recebida etc. Tudo deve ser administrado fielmente e não pode ser
esbanjado para engrandecer a nós mesmos e para o bem da nossa pessoa. A maneira
como nos relacionarmos com o dinheiro contará muito para o nosso bem espiritual.
Em
segundo lugar, ele nos ensinou que em tudo o que fizermos devemos ter bem claro
na mente a honestidade: quem é fiel, quem é honesto no pouco, será no grande.
Quem é desonesto nas pequenas coisas, também o será nas grandes; não podemos
nos enganar e pensar que nas grandes coisas nos comportaremos de modo
diferente. É como quando conseguimos um emprego de vendedor numa loja. Somente,
se o patrão estiver seguro da nossa honestidade nas pequenas coisas, ele nos
eleva de cargo. Até mesmo nas mínimas coisas da nossa vida, devemos ser
honestos, principalmente com Deus.
Por
fim, Jesus nos alerta para o perigo do dinheiro atrapalhar a nossa relação com
Deus. Pois, estando envolvidos somente com lucro, corremos o risco de o
colocarmos no lugar de Deus, já que não se pode servir ao mesmo tempo a dois
senhores.
Às
vezes, pensamos que ser cristãos significa ser ingênuos; que o cristão deve
rejeitar as espertezas do mundo, deve opor-se aos compromissos do mundo e às
astúcias da sociedade, deve evitar a ambiguidade e a vida dupla dos
prepotentes: numa palavra deve ser simples. É! Mas devemos entender que não
podemos ser ingênuos. Jesus não elogia quem age de maneira desonesta, mas ele
nos convida a usarmos da esperteza como aquele empregado desonesto que viu que
aqueles bens estavam prestes a acabar e se tocou que com eles poderia buscar
valores mais duradouros, como os amigos que fazemos quando praticamos o amor ao
próximo.
Não
podemos servir absolutamente a dois senhores, devemos escolher: ou Cristo ou o
dinheiro; e é uma escolha radical, uma escolha urgente, ontem e hoje mais do
que ontem, exatamente porque no nosso tempo, prevalece a cultura do ter e a
mentalidade que vale mais quem tem. Portanto, não podemos nos intitularmos
cristãos e seguir a lógica do mundo, não podemos nos considerar discípulos de
Cristo e viver de um egoísmo ávido e insaciável. O ser discípulo de Cristo, não
admite compromissos nem acomodações; e se, como filhos da luz, escolhemos
segui-lo, como Ele devemos fazer-nos dom de amor ao próximo, aquele próximo que
um dia nos acolherá nas moradas eternas.
padre Carlos Henrique de Jesus Nascimento -
www.pecarlos.blogspot.com
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Dois Senhores
Vivemos
numa sociedade globalizada, em que o dinheiro parece mandar em tudo e é procurado
a qualquer custo. Para muita gente, ter dinheiro significa poder e prestígio...
Qual deve ser a atitude cristã diante das riquezas?
Na
1º leitura, Amós denuncia os ricos comerciantes do seu tempo, que exploravam
nas mercadorias e nos preços os pobres camponeses. Nem respeitavam os
"dias santos" para celebrar e descansar. O profeta os adverte que
Deus não ficará impassível diante disso: "Não esquecerei nenhum de vossos
atos..." (Am. 8,4-7) Essa exploração descrita por Amós não é um fato
apenas do passado. É uma realidade que os pobres conhecem muito bem ainda hoje.
A exploração e o lucro desmedido não fazem parte do projeto de Deus...
Na
2ª leitura, Paulo convida a uma oração universal, elevando ao céu "mãos
puras", em favor de todos os homens. A oração só tem sentido se for
expressão de uma vida de comunhão, com Deus e com os irmãos. (1Tm. 2,1-8)
No
Evangelho, Cristo conta a parábola do administrador infiel, que ao ser
despedido, reduz o valor das dívidas dos devedores para garantir futuros amigos.
(Lc. 16,1-13) À primeira vista, poderia dar a impressão de que Jesus elogia a
desonestidade e a corrupção do administrador. Para compreender o ensinamento do
Mestre, devemos nos situar no tempo. Naquela época, os administradores deviam
entregar ao empresário uma determinada quantia; o que conseguissem a mais
ficava com eles. O que fez o administrador? Renunciou ao que lhe cabia nos
negócios. Ele entendeu que, no futuro, mais do que dinheiro, precisava de
amigos. Por isso, renunciou ao dinheiro, para conquistar amigos.
A
"esperteza" do administrador revela a criatividade, que falta aos
"filhos da luz". Devemos também ser "espertos", fazendo uso
dos meios disponíveis, para tornar sempre atual a mensagem de Cristo.
A
busca desenfreada pelo dinheiro continua... O dinheiro é o deus de muita gente,
que está disposta a tudo desde que faça crescer a conta bancária. Para ganhar
mais dinheiro, há quem trabalha doze ou quinze horas por dia, num ritmo de
escravo, e esquece de Deus, da família, dos amigos e até própria de saúde;
-
por dinheiro, há quem vende a sua dignidade, a sua consciência e renuncia a
princípios em que acredita;
-
por dinheiro, há quem não tem escrúpulos em sacrificar a vida ou o nome dos
seus irmãos;
-
por dinheiro, há quem é injusto, explora os operários, se recusa a pagar um
salário justo... Talvez nunca cheguemos a estes casos extremos;
mas, até onde seríamos capazes de ir, por causa do dinheiro? A
adoração ao "deus dinheiro" não é o caminho mais seguro para
construir valores duradouros, geradores de vida e de felicidade.
Jesus
não quer dizer que o dinheiro seja uma coisa desprezível e imoral, do qual
devamos fugir a todo o custo. O dinheiro é necessário para uma vida com
qualidade e dignidade. Mas ele não pode se tornar uma obsessão, uma escravidão,
pois não nos assegura (e muitas vezes até perturba) a conquista dos valores
duradouros e da vida plena.
O
dinheiro é um "ídolo tirano", que nos escraviza e nos torna
insensíveis a Deus e às necessidades dos outros.
Jesus
conclui com sentenças sobre o bom uso das riquezas: "Ninguém pode servir a
dois senhores... a Deus e ao Dinheiro..."
Deus
e o dinheiro representam mundos contraditórios. Os discípulos são convidados a
fazer a sua escolha entre o mundo do dinheiro (de egoísmo, interesses,
exploração, injustiça) e o mundo do Amor (da doação, da partilha, da
fraternidade).
As
riquezas não devem ser obstáculo à Salvação, mas um meio para fazer amigos
"nas moradas eternas." Um instrumento de comunhão entre as pessoas,
de amizade, de igualdade... Não servir ao dinheiro, mas nos servir do dinheiro
para servir a Deus e aos irmãos.
Honestidade
tanto nos grandes como pequenos negócios, porque quem é fiel no pouco, também é
fiel no muito, quem é infiel no pouco, também é infiel no muito. Quem não é
fiel nas riquezas terrenas (no pouco), também não é fiel nas riquezas eternas
(no muito).
Qual
é a nossa atitude diante dos bens terrenos? Só Deus é o dono de tudo o que
existe... Nós somos apenas administradores. A qualquer momento, Cristo poderá
também nos dizer: "Presta conta da tua administração!" Como estamos
administrando? Já garantimos a nossa morada eterna?
padre Antônio Geraldo Dalla Costa -
buscandonovasaguas.com
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Dinheiro: de símbolo de divisão a instrumento de comunhão quando
Deus é o centro da vida
A
parábola que Jesus nos apresenta hoje é comumente conhecida como “o
administrador infiel”. Uma pessoa infiel ou desonesta não é modelo para
ser seguido. Então, podemos nos perguntar, por que esse administrador é
colocado como exemplo? Porque a centralidade está em sua esperteza e não em sua
desonestidade ou infidelidade. Assim, seria melhor chamar a parábola de “o
administrador esperto”.
Um
administrador tinha a responsabilidade de gerenciar os bens do patrão, mas ao
mesmo tempo tinha liberdade para fazê-lo. Com isso, fazia empréstimos a altos
juros e daí provinha a sua recompensa. Ao chamar os devedores do seu patrão ele
retira parte da dívida. Ele renuncia, assim, à parte que lhe cabe para ganhar
um amigo. Portanto, O administrador foi esperto porque soube aproveitar do
dinheiro que receberia dos devedores de seu patrão para garantir o seu futuro.
Como ele seria despedido e não sabia o que fazer para sobreviver, certamente
precisaria de amigos. Por isso ele é elogiado, como conclui Jesus: “os filhos
deste mundo são mais espertos em seus negócios do que os filhos da luz”. O
dinheiro traz divisão, guerras, desejo de poder e tantas outras coisas
negativas que acaba se tornando um ídolo. Mas ele também pode ser usado
de forma que gere comunhão e partilha, isto é, uma nova economia. Os filhos da
luz não são convidados a agir com infidelidade ou desonestidade, mas a
administrar com esperteza os bens que lhe são confiados. O dinheiro não deve se
tornar um ídolo, mas deve se tornar fonte de partilha, onde nenhum membro da
comunidade e principalmente os mais pobres passem necessidades. Esses são os
verdadeiros amigos que se pode conquistar. O administrador tinha medo de não
ter a ajuda de ninguém, por isso queria ganhar amigos. O cristão deve partilhar
ou ajudar alguém não por medo de não ser salvo, mas por ter a consciência de
que o desejo de Deus é que todos tenham vida e, se acreditamos no Deus da vida,
somos chamados e chamadas a agir como Ele, com amor gratuito.
Talvez
estejamos cansados de ouvir em nossas reflexões sobre as eleições que se
aproximam, mas os textos de hoje são propícios para uma atualização. Temos que
estar atentos ao que os candidatos andam prometendo para “ganhar” amigos e, com
isso, seus votos. E também prestar atenção para não fazermos uma interpretação
equivocada do evangelho para justificar os atos de tantos políticos desonestos
e infiéis como se isto fosse bom aos olhos de Deus. Muitos deles apenas querem
se aproveitar das situações de miséria e de pobreza que vive a maioria de nosso
povo para enriquecer com o dinheiro que não lhes pertencem. Ao invés de
representar o povo se aproveita dele. Na primeira leitura há uma crítica direta
contra os que exploram os pobres retirando até mesmo o que eles têm de
necessário para viver e o que é deles por direito. Aqueles que quanto mais têm
mais querem são chamados a enxergar a realidade, pois onde há muita sobra é
sinal de que está faltando o necessário para alguém.
As
palavras finais do evangelho de hoje são radicais: “vós não podeis servir a
Deus e ao dinheiro”. Não dá para servir a Deus e ao mesmo tempo ter o dinheiro
como um ídolo. Este é o lema da Campanha da Fraternidade deste ano. Uma
verdadeira comunidade vive uma verdadeira solidariedade, onde o dinheiro é
posto a serviço dos mais necessitados e não o contrário.
irmã Sueli da cruz Pereira - www.homilia.com.br
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Neste
vigésimo quinto domingo do tempo comum, em face da realidade do mundo em que
vivemos, nos encontramos diante das incertezas da vida, através da qual Deus
nos confiou a administração de seus bens e hoje, portanto, ele nos convida a
prestar contas. Porém, cabe aqui um questionamento: Que tipo de bens Deus nos
confiou e como os temos administrado? A vida nos oferece inúmeras fórmulas de
comportamento diante das regras que nos foi estabelecida pelo próprio Deus.
Nesse sentido, qual tem sido nosso comportamento, nossas ações e palavras para
o crescimento do Reino? Compactuamos com as atitudes desonestas em proveito
próprio e em detrimento dos outros? Somos espertos para o Reino de Deus ou para
o reino dos homens? Lembremos-nos da Campanha da Fraternidade: Não podeis
servir a Deus e ao Dinheiro. Portanto, hoje, somos convidados a fazer uma opção
radical que poderá nos apontar o verdadeiro caminho da conversão.
COMENTÁRIO
Lucas
tem como uma de suas características a crítica das riquezas. Logo no início de
seu Evangelho, no Cântico de Maria, Deus "derruba os poderosos de seus
tronos e eleva os humildes, enche de bens os famintos e despede os ricos de
mãos vazias" (Lc. 1,52s).
Na
parábola de hoje é feita a denúncia do "dinheiro iníquo". Parecem
estranhas as imagens de um homem rico e um administrador corrupto nesta
parábola. A esperteza do administrador estava em manipular o dinheiro injusto
acumulado pelo homem rico, favorecendo aqueles que se tornariam seus amigos.
Infelizmente,
ao trazermos este fato para os dias de hoje, podemos ver que o que está
acontecendo é exatamente aquilo que é contrário ao Projeto de Deus, ou seja: na
realidade em que vivemos somos abordados por pessoas que só querem levar
vantagens em tudo que fazem. Em todos os seguimentos sociais e instituições é
possível nos depararmos com pessoas inescrupulosas que ainda não descobriram o
valor da partilha, da igualdade, da fraternidade, da solidariedade. É duro ter
que dizer isso, mas é a pura verdade.
Diante
desse pressuposto, pode-se entender que a parábola de Lucas sugere que o
dinheiro deve ser usado para fazer amigos; que as riquezas acumuladas por
poucos podem ser usadas para o bem de todos, criando laços de amizade.
Importante ressaltar que, já nos primeiros séculos da era cristã, os Padres da
Igreja denunciavam, de maneira contundente, que toda acumulação de riqueza era
fruto da injustiça.
E
como temos injustiças em nosso país, a começar pela alta cúpula dos gestores a
nível federal que, conforme o bom senso exige, deveriam dar exemplos de exímios
administradores para o bem comum. As esferas estadual e municipal optam pela
mesma forma de administração que, usando de uma ideologia massificadora e
enganadora, transformam a mentira em verdade e, assim, em benefício próprio,
vão se enganando e excluindo os filhos de Deus, fazendo prevalecer a injustiça
em detrimento da justiça do Reino.
Porém,
há que se lembrar que no tempo do profeta Amós, conforme a primeira leitura,
vemos também este tipo de denúncia. Aqueles que, à época deste profeta, agiram
com desonestidade em relação aos bens do povo, foram severamente punidos e
castigados sem piedade, porque a justiça de Deus não falha. Assim sendo, o
restabelecimento da justiça se faz pela partilha destas riquezas.
De
outro modo, Jesus apresenta a todos uma opção radical: "Não podeis servir
a Deus e ao dinheiro", porque Deus nos chamará para prestar contas e, como
na primeira leitura, a justiça de Deus não falhará.
Lucas
destaca que os fariseus eram "amigos do dinheiro" e, por isso,
zombavam de Jesus.
As
elites ricas das sociedades de hoje, os administradores políticos, desonestos e
inescrupulosos, hábeis em enganar, mentir, usurpar, privilegiar; e suas equipes
de governo, com suas habilidades de transformar a Ciência Política em algo
intragável e carrasco do povo de Deus, com essas suas atitudes também zombam,
condenam e perseguem aqueles que lutam pela partilha dos bens e da terra. Mas
eles se esquecem do que está escrito: "Eu andei ouvindo umas coisas a
respeito de você. Agora preste contas da sua administração porque você não pode
mais continuar como meu administrador."
Assim
está escrito, e assim se fará. Então, prevalecerá a Justiça de Deus.
diácono Miguel A. Teodoro -
www.teologiafeevida.com.br
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Não podeis servir a
Deus e ao Dinheiro
Hoje o Evangelho nos apresenta
a figura do administrador infiel: um homem que se aproveitava do ofício para
roubar a seu amo. Era um simples administrador e, atuava como amo. É
conveniente que tenhamos presente:
1) Os bens materiais são
realidades boas, porque saíram das mãos de Deus. Portanto, os devemos amar.
2) Mas não os podemos “adorar”
como se fossem Deus e a finalidade de nossa existência; devemos estar desprendidos
deles. As riquezas são para servir a Deus e a nossos irmãos os homens; não
devem servir para destronar a Deus do nosso coração e das nossas obras: «Não
podeis servir a Deus e ao Dinheiro» (Lc. 16,13).
3) Não somos os amos dos bens
materiais e, sim simples administradores; portanto, não somente devemos
conservar, mas também fazê-los produzir ao máximo, dentro de nossas
possibilidades. A parábola dos talentos o ensina claramente (cf. Mt. 25,14-30).
4) Não podemos cair na
avarícia; devemos praticar a liberalidade, que é una virtude cristã que devemos
viver todos, os ricos e os pobres, cada um segundo suas circunstâncias. Devemos
dar aos outros!
E se já tenho suficientes bens
para cobrir meus gastos? Sim; também você deve se esforçar por multiplicá-los e
poder dar mais (paróquia, dioceses, Caritas, apostolado). Lembre as palavras de
São Ambrósio: «Não é uma parte de teus bens o que tu dás ao pobre; o que lhe
das já lhe pertence. Porque o que foi dado para o uso de todos, tu te apropria.
A terra foi dada para todo mundo, e não somente para os ricos».
Você é um egoísta que só pensa
em acumular bens materiais para si, como o administrador do Evangelho,
mentindo, roubando, praticando a avarícia e a dureza de coração, que lhe
impedem comover-se ante as necessidades dos outros? Não pensa freqüentemente
nas palavras de São Paulo: «Que cada um dê conforme tiver decidido em seu
coração, sem pesar nem constrangimento, pois “Deus ama quem dá com alegria»
(2Cor. 9,7) Seja generoso!
d. Xavier Jauset i Clivillé
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Um absurdo escandaloso
A
caminho de Jerusalém, Jesus apresenta-nos a parábola do administrador infiel,
que é louvado pela sua esperteza. Toda a injustiça é condenável, seja qual for
a finalidade, perpetrada através do dinheiro
A
liturgia do 25º domingo comum é algo escabrosa. É absurdo e até mesmo
escandaloso que se possa louvar um administrador desonesto, como sugere, à
primeira vista, o texto do evangelho de Lucas. É indispensável distinguir entre
esperteza, também chamada prudência, e desonestidade ou injustiça. De fato é a
primeira que é louvada. Ao passo que a segunda é sempre condenável. O
“administrador desonesto” é louvado pela prudência usada para sair de uma
situação muito crítica e não pela injustiça que comete com bens que não lhe
pertencem. Embora confiando na graça de Deus, o cristão deve comportar-se como
se tudo dependesse unicamente das suas forças e capacidades. É esta atitude
corajosa, sem reservas, permanente que é louvada e exigida a quem se identifica
como discípulo de Cristo.
A
parábola situa-nos no horizonte escatológico, isto é, do fim dos tempos.
Trata-se de dar contas da nossa gestão e, pelos vistos, contas finais. Todo o
homem, mais cedo ou mais tarde, deverá apresentar-se diante do tribunal divino
para dar contas das suas próprias acções. A vida humana tem limites e, antes ou
depois, há-de chegar à última estação, a Deus. Cada um de nós deverá
preparar-se e saber como poderá superar favoravelmente este derradeiro passo.
“Os filhos deste mundo são espertos no trato de uns com os outros”. Por seu
lado, “os filhos da luz” deverão saber usar a mesma esperteza para alcançar a
salvação. Um cristão preguiçoso, indolente, de meias tintas, não é digno de
Cristo que o conquistou por um preço elevadíssimo.
A
nossa parábola desemboca inevitavelmente no dilema: Deus ou o dinheiro. O termo
“mamona” vem da língua hebraica e significa patrimônio. Tem no entanto um tom
pejorativo. Trata-se de patrimônio alcançado com meios ilícitos. Jesus condena
a indecisão dos seus discípulos. Quem alinha com Ele, tem obrigatoriamente de
traçar uma fronteira clara. O discípulo de Jesus não pode oscilar cobardemente
entre Deus e o dinheiro ou, através de artimanhas e jogos escondidos, manter
“boas relações” com Deus e com o “mamona”.
A
primeira leitura, do profeta Amos, traz-nos palavras violentas contra aqueles
que “dão a volta” aos pobres e os enganam. São palavras atuais contra as
injustiças muito concretas do nosso tempo, em que assistimos a um fosso cada
vez maior entre ricos e pobres, e a uma fé cansada e morna. Na segunda leitura,
Paulo fala-nos da oração cristã, ligada a uma vida conduzida “com toda a
piedade e dignidade”. Já nos primeiros tempos da Igreja, exigia-se do orante
uma vida coerente, conforme ao Evangelho, “sem ira nem discórdia”.
Elísio Assunção - Fátima missionária
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